A Amazônia registrou no mês passado o maior desmatamento em abril em seis anos. Segundo o sistema DETER, do INPE, a floresta perdeu 581 km2 de área no último mês, o maior índice desde 2015, quando o atual sistema DETER foi inaugurado. Em termos percentuais, abril de 2021 teve uma alta no desmatamento amazônico de 42,5% na comparação com o mesmo mês no ano passado (quando a floresta perdeu 407 km2). No agregado dos quatro primeiros meses deste ano, a Amazônia registrou a destruição de 1.157 km2 de floresta, uma área ligeiramente menor (-3,9%) que aquela identificada no mesmo período em 2020 (1.204 km2), mas, ainda assim, é o segundo maior número da série histórica.
O aumento no desmatamento na Amazônia é motivo de preocupação para ambientalistas e até mesmo para o governo, que convive com cobranças internacionais sucessivas sobre a falta de ação para proteção da floresta. O Valor destacou a reação das ex-ministras Marina Silva e Izabella Teixeira, além de representantes da sociedade civil e do agronegócio. O diagnóstico de todos é semelhante: o desmatamento cresce por falta de vontade política do governo Bolsonaro, que segue mais interessado em promover atividades econômicas que devastam a floresta do que em protegê-la. Na mesma linha, o Observatório do Clima lamentou os dados do desmatamento em abril, ressaltando que os números desmentem a narrativa fantasiosa que vem sendo ensaiada por Bolsonaro e Salles nos últimos meses para aplacar a frustração internacional com o Brasil. “A Amazônia virou open bar para grileiros, madeireiros ilegais e garimpeiros”, afirmou Marcio Astrini, do OC.
Como bem lembrou Daniela Chiaretti no Valor, esses números prenunciam mais uma temporada seca de destruição na Amazônia. Isso porque o auge do desmatamento anual costuma acontecer quando as chuvas rareiam na região, entre maio e outubro. Os números também prenunciam dificuldades adicionais para o governo brasileiro no cenário internacional. “O desmate desgovernado irá somar pontos à péssima imagem do Brasil no exterior sob esta gestão, alimentada pelos números dramáticos da pandemia, a perseguição a lideranças indígenas e arroubos antidemocráticos”.
Enquanto isso, o ministério do meio ambiente se escondeu atrás de uma justificativa administrativa para não comentar sobre o aumento do desmatamento na Amazônia. Segundo a pasta, esta questão não lhe diz respeito, já que as ações de combate ao desmate estavam sob responsabilidade do Conselho da Amazônia, encabeçado pelo vice-presidente Mourão. Então tá.
Estadão, Folha, G1, O Globo, UOL e Valor, entre outros, repercutiram os dados do DETER no Brasil. No exterior, os números do desmatamento na Amazônia em abril também foram destacados pelas Associated Press, BBC e Reuters.
Fonte: ClimaInfo
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