Repensar o modelo de cidade que valoriza automóveis individuais é essencial para almejar um futuro possível. Grandes capitais já anunciaram metas para tirar de circulação veículos poluidores, enquanto a própria pandemia estimulou políticas de abertura de vias para pedestres e ciclistas. É neste cenário que os escritórios Office for Metropolitan Architecture (OMA) e Gerkan, Marg & Partners (GMP) divulgam o planejamento da “Cidade da Ciência e Tecnologia do Futuro” para Chengdu, capital da província de Sichuan, na China.
Inspirado nas aldeias “Lin Pan” – assentamentos rurais tradicionais que praticam a agricultura em pequena escala e implantam sistemas de irrigação antigos – o projeto mescla uma série de experiências sustentáveis.
A cidade modelo é dividida em seis grupos: Living cluster, University cluster, Laboratory cluster, Public cluster, Government cluster e Market cluster.
Na área de moradia, os prédios são de uso misto. Na Universidade, os edifícios possuem terraços ajardinados – que propiciam espaços ao ar livre para atividades acadêmicas – e sistema de biofiltração, onde a cobertura filtra a água da chuva para armazená-la em tanques subterrâneos.
O bloco universitário é conectado, por passarelas e ciclovias, ao laboratório – este último localizado em uma área úmida. Ali serão realizados alguns experimentos, como a instalação de sistemas agrícolas nas coberturas dos prédios. Ao lado, em uma estrutura elevada, funcionará o “Market”, que agrega instalações comerciais e públicas com escritórios e empreendimentos residenciais.
Já o “Public” será voltado para espaços públicos, onde trens e outros meios de transporte se conectarão – seguindo preceitos de Desenvolvimento Orientado para o Trânsito (TOD). Enquanto o “Government” será formado por cinco prédios de escritórios em torno de um bloco central – todos conectados por passarelas que se estendem pela paisagem.
Nenhum dos espaços da cidade modelo terá carros. Para se locomover, em cada zona, tudo será acessível a pé, em 10 minutos de distância. Além disso, os moradores terão à disposição uma rede de mobilidade inteligente, o que inclui veículos públicos automatizados.
“Com este projeto, esperamos fornecer uma alternativa ao plano diretor típico, que se baseia na rede rodoviária tradicional orientada para o automóvel. Pretendemos criar um projeto enraizado na geografia do lugar. Esperamos que a conexão entre arquitetura e paisagem resulte em um ambiente dinâmico para a educação que inspire ideias inovadoras”, afirmou Chris van Duijn, sócio do OMA.
Apesar de separados, todos os blocos serão conectados pela vegetação. O projeto respeita a topografia e a estrutura espacial do local e as coberturas verdes se tornarão uma extensão do relevo natural.
O projeto, que venceu o concurso de planejamento e arquitetura para Chengdu, combina qualidades urbanas e rurais para uma cidade futurística e sustentável. O escritório OMA ressalta que se nosso modo de viver e nos relacionar com a natureza está mudando, a urbanização também precisa mudar – desafiando o modelo genérico de planejamento urbano.
O empreendimento já está sendo construído em uma área rural e parte das edificações será inaugurada até o final de 2021.
Fonte: CicloVivo
Comentários