Pesquisadores acreditam que a aparição em trecho da Serra do Mar no Paraná indica que o habitat está recuperando condições favoráveis à sobrevivência da espécie
Não é sempre que se vê uma onça-pintada acompanhada por seu filhote dando uma volta na Mata Atlântica. O passeio dos dois animais foi registrado por uma câmera localizada em um trecho da Serra do Mar paranaense e empolgou pesquisadores do Instituto Manacá e do Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC), ambos sediados em São Paulo.
As duas entidades criaram o Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar para monitorar principalmente a onça-pintada, além da anta e do queixada (um tipo de porco-do-mato), em uma grande área de 17 mil quilômetros quadrados da Mata Atlântica em São Paulo e no Paraná — área que equivale a 11 capitais paulistas. O objetivo é coletar informações que auxiliem no planejamento da conservação das espécies e outras estratégias para recuperar suas populações.
As perdas e a degradação do bioma foram responsáveis por diminuir o habitat da onça-pintada a apenas 15% de seu espaço original, colocando a Panthera onca em perigo crítico de extinção na região costeira, onde a estimativa é que haja menos de 300 indivíduos. “Com toda a pressão que a Mata Atlântica vem sofrendo com desmatamentos, mudanças climáticas e caça ilegal, este registro é superimportante”, comemora o responsável técnico do programa, Roberto Fusco, em comunicado enviado à imprensa. “Indica que a região apresenta condições saudáveis, permitindo não só a sobrevivência da espécie na área, mas também a reprodução.”
Segundo Fusco, por ser um animal do topo da cadeia alimentar, a onça-pintada tem um papel essencial para o equilíbrio dos ecossistemas. Por isso, sua extinção tem potencial de “trazer efeitos imprevisíveis como a perda de biodiversidade, alteração na composição do solo, aumento de espécies exóticas e até mesmo liberar patógenos que afetam a saúde humana”, informa o biólogo. “O desaparecimento da onça pode gerar impacto em todo o ecossistema, por meio de um efeito cascata, que começa com o aumento de suas presas, geralmente herbívoros, que por sua vez impactam a composição e estrutura da vegetação”, explica.
Disponível no YouTube, o vídeo mostra a parte de trás do corpo da mãe, que é seguida por um filhote curioso que aparenta já ser mais velho. O registro é de janeiro de 2021, mas só foi divulgado agora, depois que os pesquisadores coletaram as imagens das câmeras que ficam espalhadas na região remanescente da Mata Atlântica.
Fonte: Galileu
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