O descontrole do desmatamento na Amazônia sintetiza o fracasso do governo brasileiro em cumprir suas promessas de ação climática feitas no âmbito do Acordo de Paris. N’O Globo, Elisa Martins mostrou como os tropeços recentes nessa questão colocam o Brasil em uma posição incômoda no cenário internacional: afinal, segundo dados do SEEG/OC, o desmatamento na Amazônia e no Cerrado responde por 44% das emissões de gases de efeito estufa do país.
Por essa razão, especialistas destacaram que a retomada de medidas de prevenção e comando-e-controle no combate ao desmatamento é central para que o Brasil possa reduzir suas emissões no curto prazo e viabilizar os objetivos definidos pelo país para a próxima década no Acordo de Paris. “Derrubar o desmatamento é fundamental para o Brasil contribuir com a redução de emissões. E isso pode começar pelo desmatamento ilegal, que representa no mínimo 50% do que ocorre em Terras Públicas. Fora o ilegal dentro de propriedades [privadas]”, explicou Ane Alencar, do IPAM.
Ao mesmo tempo, como observou Ilona Szabó (Instituto Igarapé) na Folha, o Congresso Nacional também precisa retomar o protagonismo na proteção do meio ambiente, abandonado recentemente na esteira da aproximação política entre o governo Bolsonaro e os partidos do Centrão. Nos últimos meses, a pauta ambiental deu espaço para a “boiada” antiambiental, com a votação e a aprovação de diversos projetos polêmicos com potencial negativo sobre o meio ambiente, como a flexibilização do licenciamento ambiental e a ampliação da regularização fundiária.
Em tempo: Na Folha, o futuro presidente da próxima Conferência da ONU sobre o Clima (COP26), Alok Sharma, escreveu sobre a importância dos países ampliarem seus compromissos e esforços de descarbonização para manter viva a meta de conter o aquecimento global em 1,5°C neste século em comparação com os níveis pré-industriais. Sharma também deixou um recado para o Brasil: “como potência ambiental e agrícola, o Brasil tem um importante papel no combate às mudanças do clima e uma enorme oportunidade de se beneficiar do aumento de fluxos financeiros que deverão ser gerados”. Pena que ele não teve a oportunidade de falar isso ao presidente Bolsonaro na semana passada.
Fonte: Climainfo
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