O Brasil não terá apenas Bolsonaro como representante nacional entre os participantes da cúpula climática desta 5a feira. Segundo Jamil Chade informou no UOL, o presidente Joe Biden convidou também Sinéia Wapichana (Sinéia Bezerra do Vale) da Terra Indígena Raposa Serra do Sol e do Conselho Indígena de Roraima, que participará de uma sessão especial com representantes indígenas de outros países e lideranças subnacionais, como a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e a governadora de Tóquio, Yuriko Koike. Sinéia deve levar um discurso fortemente crítico ao governo Bolsonaro na cúpula, com o potencial de causar mais constrangimentos internacionais ao Planalto.
No Estadão, Beatriz Bulla escreveu sobre o foco dos EUA nas rodadas mais recentes de conversas com o Brasil. Enquanto Salles e os representantes brasileiros insistem em pedir dinheiro, o foco dos negociadores norte-americanos está em ações concretas que podem ser tomadas no curto prazo para diminuir o desmatamento da Amazônia nos próximos meses. Felipe Gutierrez também abordou essa questão no G1, destacando a expectativa dos EUA em torno de metas climáticas mais ambiciosas da parte do Brasil.
Entretanto, a insistência do governo brasileiro em exigir dinheiro em troca de combater o desmatamento intensifica o mau humor internacional com o país. Como Sergio Leo escreveu na Piauí, o recado de Joe Biden para Bolsonaro foi claro: o Brasil já mostrou ser capaz de reduzir o desmatamento com recursos próprios e o crescimento acentuado da destruição florestal corroeu também a credibilidade internacional do país. “O aviso não foi levado a sério pelo presidente Jair Bolsonaro nem pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, seu porta-voz oficial nesse tema. E o tema meio ambiente tornou-se o principal desafio da política externa e da relação do país com os Estados Unidos”.
Na BBC Brasil, Mariana Schreiber também abordou esse ponto e explicou como as demandas brasileiras por mais dinheiro sem se comprometer com resultados concretos e imediatos de redução de desmatamento intensificou a desconfiança dos governos estrangeiros com Brasília. Em entrevista para Caio Quero, o consultor político Ian Bremmer (Eurasia) ressaltou que a posição dos EUA ainda é em favor de um acordo com o Brasil, mas apenas se o governo brasileiro se comprometer com progressos substanciais e cuidadosamente monitorados na proteção do meio ambiente.
Em tempo: A falta de credibilidade internacional do governo Bolsonaro é o pano de fundo de três reportagens publicadas por grandes veículos norte-americanos nos últimos dias. Do “progressista” NY Times até o “conservador” Wall Street Journal, passando pela revista Time, a pergunta é a mesma: podemos confiar nas promessas ambientais de alguém que lidera um governo tão irresponsável no tema ambiental? A resposta pode não agradar ao Palácio do Planalto. A Deutsche Welle também abordou essa questão.
Fonte: ClimaInfo
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