“É dever de quem aqui vive e trabalha cravar um alerta para a opinião pública. Os tais “males” da Amazônia, boa parte deles fabricados, na verdade se resumem à ausência de um projeto BrasilAmazônia.”
Saleh Hamdeh e Alfredo Lopes (*)
_________________________________
O assunto da hora é Bioeconomia imperiosamente associada à preservação ambiental. E assim, de clichê em clichê, ou de panaceia em panaceia, os “males” da Amazônia se transformam em oportunidades para o messianismo florestal, ou, quem sabe, para algumas manchetes de fama para afagar as vaidades de cada um. E o que é pior: tudo isso acaba produzindo argumentos para o Brasil adiar, mais uma vez, a decisão de escolher a Amazônia. Escolher, aqui, significa tratar esta biodiversidade como a maior de suas oportunidades de afirmar um novo protocolo de desenvolvimento econômico sem destruição dos parâmetros ambientais. Ou seja, promover, a partir da malha Industrial existente, a Bioeconomia, a Silvicultura, a disseminação de parques tecnológicos de produtos sustentáveis e de Serviços Ambientais no contexto das mudanças climáticas e da prosperidade sustentável no combate aos constrangedores IDHs africanos. Esta, com certeza, é a única discussão que realmente importa a toda hora, desde sempre.
Os protagonistas da mudança
E que fique bem anotado: essa discussão é endógena e necessariamente precisa partir das proposições de quem aqui gera riqueza a ponto de colocar o Amazonas entre os cinco maiores contribuintes dos cofres federais, pasmem! Quem mais teria lastro e expertise para promover o adensamento e a diversificação da economia deste programa de desenvolvimento regional tão bem sucedido? Quem mais atua efetivamente para preservar a floresta há meio século, na expectativa que a telegovernança federal cesse de confiscar os recursos que deveriam promover a Bioeconomia e demais matrizes econômicas de regionalização do desenvolvimento? Não se trata de eliminar este portfólio de acertos, chamado Programa Zona Franca de Manaus, como operam os interesses de determinados grupos corporativos. Com forte poder de fogo, mando e veto sobre a mídia tradicional e das redes sociais, eles carregam nas tintas dos cenários, e nos tons da narrativa alarmista, aquela que desembarca no imperativo da redenção.
A salvação virá dos bancos?
É dever de quem aqui vive e trabalha cravar um alerta para a opinião pública. Os tais “males” da Amazônia, boa parte deles fabricados, na verdade se resumem à ausência de um projeto BrasilAmazônia. Isso tem gerado o lugar comum do messianismo, o marketing dos redentores da floresta. Os buracos, entretanto, estão sempre mais abaixo. Alguns são mais profundos no sentido dos estragos e outros cheiram mal. Jamais iremos recusar parcerias comprometidas com o fator socioambiental amazônico. O fator humano está presente nas fábricas instaladas em Manaus, “fazendo bem ao Brasil”, como diz a campanha do Polo de Duas Rodas. Com 500 mil empregos, fica fácil proteger os ativos florestais. Entretanto, queremos mais, pois sabemos que os dermocosméticos, a alimentação integral e a farmacopeia natural são sinônimos de soluções para nossa gente, de Norte a Sul do país, regiões que não podem seguir tão desiguais.
Trabalhadores e investidores
Por oportuno, deixamos claro não vamos transferir para outrem a honraria de escrever esta história. Trabalhadores e suas famílias e investidores para cá atraídos com promessas de segurança jurídica bem conhecem os passos dessa jornada e os benefícios suprimidos por conta da riqueza aqui gerada e historicamente confiscada. Chegamos até aqui a despeito da maledicência programada , da perseguição sem sentido, e dos preconceitos orquestrados, porque todos acreditamos na viabilidade do Brasil a partir da Amazônia, e dizemos isso de cátedra, com a autoridade de quem aqui veio para ficar, aprendeu a trabalhar sem depredar e da comunidade local, irmanada no desafio de preservar o patrimônio natural, na certeza e necessidade deste novo caminho que compatibiliza ecologia com a economia da sustentabilidade, de verdade, de um país que não pode prorrogar tanta desigualdade.
(*) Saleh e Alfredo são consultores do CIEAM e FIEAM.
Comentários