“Não temos outro caminho, senão fomentar, flexibilizar e promover a indústria brasileira, resgatando seu viço de árvore generosa em frutos de tantos benefícios. Inteligente e urgente é adubá-la. Jamais, cortá-la!”
——Nelson Azevedo(*)——
Padece de coerência a iniciativa federal de cortar 50%, durante 90 dias, a contribuição das empresas para o Sistema S, 1% do faturamento para o Senai e 1,5% para o Sesi, sob a alegação de alívio das empresas em seus repasses legais. Mais do que isso, a MP 932/2020 aumenta de 3,5% para 7% a taxa de administração cobrada pela Receita Federal para fazer o recolhimento das contribuições compulsórias das empresas. Não faz sentido. É como derrubar uma árvore frondosa e generosa em frutos para mitigar a sequelas de uma demanda conjuntural. Alivia mas também depreda. Segundo a CNI, Confederação Nacional da Indústria, o rombo para as atividades do SENAI e do SESI, será de R$ 1 bilhão.
Protagonismo solidário
Em conjunto com as Federações Estaduais, a CNI reprogramou seu orçamento e anuiu com a proposta, entretanto manteve a agenda de sua contribuição para o combate do novo coronavírus. Em parceria com federações estaduais e associações setoriais da indústria, o SESI e o SENAI seguirão realizando múltiplas ações de combate à pandemia, tais como o suprimento de hospitais públicos com insumos e equipamentos necessários ao tratamento da Covid-19 (máscaras, aventais, respiradores mecânicos, dentre outros) e a oferta gratuita de 100 mil vagas de cursos à distância para amenizar o isolamento horizontal.
Repertório de benefícios
Fundados em 1942 e 1944, respectivamente, Sesi e Senai têm um repertório de benefícios simplesmente incalculável para o processo civiliza tório. Um serviço educacional e de reconhecida qualidade para os filhos dos trabalhadores e todo tipo de assistência nas várias áreas médicas e sanitárias que asseguram vida saudável para os trabalhadores e seus familiares. Por que alterar a menor o funcionamento de uma estrutura enxuta e competente que preenche duas demandas sagradas do tecido social?
Barcos-escola
Na Região Norte, uma das mais esquecidas nas prioridades federais, o papel do Sesi e do Senai reveste-se de uma importância estratégica e essencial. Lembremos que essencial é um fator de realidade sem o qual a realidade em questão não existe. Vamos aos exemplos da Amazônia, onde os barcos-escola do Sesi/Senai se fazem presente até em regiões onde não se ofertam oportunidades a jovens e adultos em termos de cuidados médicos e do suporte para formação educacional/profissional.
S de Solidariedade
Nesta crise da Covid-19, o Sistema S significa solidariedade com suas iniciativas de intervenção tecnológica e da criatividade inovadora, no combate aos horrores da pandemia. Nesta segunda-feira, 06 de abril, em Manaus, serão entregue às autoridades da Saúde os respiradores mecânicos projetados e construídos pelo Senai, em parceria com a Fundação Transiree o Grupo SAMEL. Cabe, ainda, ilustrar instituições ligadas à indústria, com ações solidárias, como a UEA, Fundação Paulo Feitoza e muitas empresas do Polo Industrial de Manaus, como Moto Honda da Amazônia, BIC, Jabyl, Tutiplast, Sindplast e Magistral/Atem. Isso ocorre num momento em que o sistema de saúde do Amazonas está entrando em colapso. Sobram pacientes em estado grave faltam leitos e respiradores. Nunca foi tão preciosa a solidariedade
Fazendo nossa parte
Seria inconveniente neste momento apontar responsáveis pela omissão ou deslize deste ou daquele governo com esta calamidade. Isto compete à Justiça. Entretanto, temos clareza de ter feito e estar fazendo nossa parte. Nossa única omissão, quem sabe, passa pela demora em exigir – de todas as formas – que os recursos repassados para o cidadão e desenvolvimento social e econômico do Estado, sejam legalmente aplicados. No mais, é densa e vital a contribuição da indústria ao Amazonas bem antes da ZFM, criada há 53 anos. O Sistema S tem o nome de seus integrantes associados, em corações e mentes, à saúde educação e ao desenvolvimento humano da região.
Qualificação, emprego e renda
No âmbito estadual, nos envaidece manter integralmente a Universidade do Estado do Amazonas, na Amazônia Ocidental, repassamos os recursos para a Universidade Federal do Acre. As taxas da Suframa, em média R$ 500 milhões por ano, sempre foram alternativas para criação de parcerias municipais para atividades geradoras de emprego e renda. Com os fundos estaduais, são repassados em média, R$1,5 bilhão/anos, recursos robustos para a o turismo e interiorização do desenvolvimento, suporte às micro e pequenas empresas e para o fundo de solidariedade do gabinete do governador do estado. Contribuições suficientes para promover uma revolução educacional, tecnológica, agrícola e agroindustrial, consolidando o Polo de Bioeconomia e Mineração.
Indústria: é urgente adubá-la!
Encerramos com uma declaração do primeiro-ministro de Portugal, Antônio Costa, “A maior reflexão que temos de fazer é que hoje em Portugal e também em toda Europa, não podemos ter cadeias económicas tão extensas e tão dependentes de um só pais como a China. Essa é a maior lição da Covid-19.” Isso se aplica ao Brasil e ao Amazonas. Não temos outro caminho, senão fomentar, flexibilizar e promover a indústria brasileira, resgatando seu viço de árvore generosa em frutos de tantos benefícios. Inteligente e urgente é adubá-la. Jamais, cortá-la!
(*) Nelson é economista, empresário e vice-presidente da FIEAM, Federação das Indústrias do Estado do Amazonas e presidente do Sindicato da Sindicato das Indústrias Metalúrgicas Mecânica e de Material Elétrico de de Manaus
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