Políticos oportunistas, população oportunista, cultura individualista, política pública ineficaz e a cidade do Rio de Janeiro jogada às baratas, ou melhor ou pior, aos ratos. O que dizer de hoje? Vacina chinesa? Vacina inglesa? Vacina alemã? Como se vacina tivesse nacionalidade.
Cidade do Rio de Janeiro, ano de 1904, vive as transformações urbanas já no cenário republicano e se consolidando como a capital e centro econômico do Brasil, além de atrair contingentes cada vez maiores de imigrantes europeus e ex-escravos das fazendas de café.
Constantemente, a cidade do Rio de Janeiro vivenciava epidemias, causando a morte de centenas e milhares de pessoas, afetando inclusive a imagem da cidade no exterior.
Além das transformações urbanísticas necessárias que a cidade vivia tais como os alargamentos de ruas, a destruição de cortiços e o clássico remanejamento ou empurrão dos mais pobres para a periferia, a cidade também testemunhava transformações sanitárias.
Incumbido da pasta sanitária da cidade, Oswaldo Cruz levou a cabo uma forte e ampla campanha de vacinação com o objetivo de erradicar a febre amarela, a peste bubônica e a varíola. Tanto que uma lei tornando obrigatória a vacina foi aprovada em 31 de outubro de 1904.
A obrigatoriedade da vacina se dava principalmente como comprovante para a matrícula nas escolas, empregar-se, viajar, hospedar-se e até mesmo para casar.
A população, pega com as “calças curtas”, tendo tomado conhecimento por meio da imprensa, reagiu com protestos e manifestações contrários à vacina, tendo inclusive obtido apoio de algumas forças políticas oposicionistas.
Devido ao estado de confusão a que se chegou, bem como pelo aproveitamento político do episódio com tentativa inclusive de golpe de estado entre os dias 14 e 15 de novembro daquele ano , no dia 16 o governo decretou estado de sítio e suspendeu a obrigatoriedade da vacina.
Dentro deste contexto de epidemias constantes no Rio de Janeiro conforme já relatado, vale destacar também um episódio engraçado e característico da corrupção de grande parte do povo brasileiro na época.
Oswaldo Cruz, então Diretor Geral da Saúde Pública, com o intuito de combater o principal transmissor da peste bubônica, a pulga dos ratos, determinou uma campanha de caça aos ratos que consistia numa meta de cada cidadão em matar pelo menos cinco ratos por dia, sendo que o governo pagaria 300 réis para cada rato morto acima de 5. Sendo assim, se num determinado dia, um cidadão matasse 7 ratos, receberia 600 réis do governo, ou seja, uma “bolsa rato”.
Leitor? Pense um pouco antes de continuar e pergunte a si mesmo o que será que aconteceu? Reflita que isto se deu no Brasil, no Rio de Janeiro. 10 segundos, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1.
Isso mesmo!!! Grande parte da população começou a criar ratos. Bem lógico, não??? Se o cidadão estimulasse a procriação dos ratos, matasse e entregasse mais ratos mortos para o governo, a “bolsa rato” aumentaria. Sim, nosso povo é de uma genialidade incrível.
O que aconteceu? O número de ratos explodiu na cidade do Rio de Janeiro. Afinal, o cidadão começa a criar rato, perde o controle da produção e os ratos começam a pipocar por toda parte.
Agora, pense o quanto é difícil o ambiente político no Brasil! Pensou? E ainda tem gente que acha que o Brasil de antes era melhor, rsrsrs. Talvez falta de leitura.
Políticos oportunistas, população oportunista, cultura individualista, política pública ineficaz e a cidade do Rio de Janeiro jogada às baratas, ou melhor ou pior, aos ratos.
O que dizer de hoje? Vacina chinesa? Vacina inglesa? Vacina alemã? Como se vacina tivesse nacionalidade.
Político de esquerda? Político de direita? Político de centro? De lado? De costas? Como se a posição ideológica do político fosse fazer diferença. Eles brigam e agem conforme seus interesses e a população fica no meio da epidemia ou pandemia.
A mídia exarceba os ânimos pra vender mais notícias. Globo? SBT? Band? CNN? A lógica é a mesma. Não existe imprensa de direita ou de esquerda. Só existe a imprensa que quer ganhar mais dinheiro vendendo propaganda. A lógica do capitalismo. Como se a ideologia da imprensa fosse te salvar ou te informar melhor. Não vai!
Agora pense, passados 116 anos da revolta da vacina, chegamos em 2020 com as mesmas picuinhas e egoísmos. O tempo mudou, as pessoas também. A tecnologia evoluiu e as novas doenças ficaram piores e mais mortais. E a índole de grande parte das pessoas continua a mesma, egoístas, mesquinhas e ignorantes.
Salve-se quem puder, pois o Brasil, ahhhh o Brasil, este viverá e provavelmente repetirá os mesmos erros que a História está cansada de nos mostrar.
Comentários