A indústria amazonense bateu a manufatura nacional em termos de faturamento e empregos, em agosto, e também já superou os índices pré-pandemia de janeiro e de fevereiro nesses quesitos. Mas, ficou devendo na utilização da capacidade instalada das fábricas. É o que se conclui a partir da comparação dos Indicadores Industriais da CNI (Confederação Nacional da Indústria), com os dados locais para a mesma pesquisa, fornecidos pela Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas).
O faturamento real do setor no Amazonas subiu 27,6% na passagem de julho para agosto, em uma performance dez vezes melhor do que a brasileira (+2,3%). Em relação a agosto de 2019, houve expansão de 18,7%, um índice seis vezes maior do que o nacional (+3,6%). Mesmo no acumulado do ano, onde o resultado também foi negativo (-0,2%), o Estado ficou mais perto de repor as perdas decorrentes da pandemia do que a média das unidades federativas do Brasil (-3,9%).
O único senão veio do nível de UCI (Utilização da Capacidade Instalada), que nem acompanhou o dinamismo do faturamento e das contratações do setor, nem superou o percentual da média brasileira –embora tenha avançado mais do que esta. Agosto registrou uso médio de 72,7% do potencial das unidades fabris no Estado, ficando 3,7 pontos percentuais acima de julho de 2020 e 0,4 p.p. abaixo de agosto de 2019. No Brasil, o setor pontuou altas de 2,1 p.p. e de 0,6 p.p., respectivamente.
Empregos e salários
O emprego industrial também apresentou números melhores no Amazonas, embora a diferença tenha sido mais tímida. A alta foi de 5,5% entre julho e agosto –revertendo a queda anterior (-1,2%). Na comparação com a marca de 12 meses atrás, houve elevação de 12,6%. No mesmo período, a manufatura brasileira apresentou desempenho positivo de 1,2% na variação mensal e negativo de 2,9% na anual. Já no acumulado do ano, o Estado (+8,4%) bateu o país (-2,7%) com boa margem, ao seguir trajetória contrária.
O mesmo se deu até certo ponto nas horas trabalhadas, que expandiram 9,7% entre julho e agosto, escalaram 11,4% em relação ao registro de agosto de 2019, e encolheram 5,2% no aglutinado de janeiro a agosto. Para efeito de comparação, os respectivos números nacionais foram +2,9%, -3,3% e -8,2%, nas mesmas comparações de períodos.
Em paralelo, a massa salarial da indústria do Amazonas registrou aumento de 5% entre julho e agosto, embora o desempenho ainda tenha ficado 4% aquém do apresentado no mesmo mês do ano, assim como ficou devendo 6,9% no comparativo dos acumulados de oito meses. O desempenho da indústria brasileira só foi melhor no último caso, ao pontuar +4,5%, -5% e -6,1%, nas respectivas comparações.
A Fieam não informou os dados do Amazonas para o rendimento médio real dos trabalhadores da indústria. Em todo o país, o setor pontuou número positivo apenas na variação mensal (+2,8%), mas encolheu nas progressões anual (+2,2%) e acumulada (-3,6%). Tanto em nível local, quanto no nacional, as expansões compensaram quedas mensais anteriores, mas não foram suficientes para repor as perdas dos dias de pico da covid-19 no Amazonas. Contribuiu para isso, segundo a CNI, o fato de que algumas indústrias ainda estão adotando suspensão de contrato ou redução de jornada com redução de salário.
“Folga no orçamento”
O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) e vice-presidente executivo da CNI, Antonio Silva, destaca que, desde junho, o faturamento da indústria amazonense segue em trajetória ascendente, até culminar com o índice de dois dígitos de dois meses atrás. Segundo o dirigente, a despeito da primazia dos bens essenciais no ranking de vendas do varejo, produtos de consumo –que são a especialidade do PIM –também estão encontrando espaço na carteira do consumidor e demonstrando que o crescimento não se deve a demanda reprimida.
“A nossa produção tem correspondência direta com o aumento do poder aquisitivo do consumidor, já que o perfil da nossa indústria não é de produtos essenciais. Entretanto, com a melhora da economia como um todo, e com o aumento do nível de ocupação das vagas de trabalho, o consumidor tem mais folga no seu orçamento, e se volta para satisfazer outras necessidades, como um computador novo, um tablet, uma bicicleta, uma moto, etc. É o que comprovam os resultados das pesquisas”, afiançou.
Antonio Silva considera que os números da manufatura local também reforçam a confirmação de que as indústrias devem recuperar parte das perdas impostas pela pandemia ainda neste ano, mas descarta a possibilidade de zerar o prejuízo. Destaca também o efeito do reforço nas contratações e seu ciclo virtuoso. “É coerente o crescimento do emprego juntamente com as horas trabalhadas, pois mais consumo, maior produção, maior utilização da capacidade instalada, resultam em aumento da força de trabalho.
O executivo considera que, a despeito das imposições de distanciamento social em virtude da pandemia, as festas de fim de ano devem promover aceleração no aumento da demanda. Diante desse cenário, prossegue a fonte, mesmo com produção “não tão essencial”, o Polo tem “boas probabilidades” de elevar produção e faturamento, principalmente de eletroeletrônicos e bens de informática. “A diminuição dos estoques atuais é mais um fator favorável ao crescimento produtivo e da força de trabalho”, arrematou.
Fonte: Cieam
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