A operação Verde Brasil 2 de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que permitiu a atuação das Forças Armadas em todo o território da Amazônia Legal para combate de crimes ambientais, tem mostrado baixo resultado. Iniciada em maio pelos estados de Mato Grosso, Pará e Rondônia, a GLO, que teve orçamento previsto em R$ 60 milhões deve seguir até novembro.
A três dias do final do mês, faltam apenas cerca de mil focos de incêndio para que julho deste ano alcance o patamar de julho do ano passado, quando não havia a operação e a Amazônia começava a viver um dos períodos mais tensos de sua história recente, que culminaria no ‘Dia do Fogo’, em agosto. De acordo com a Diretora da Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar, o esperado era que a operação tivesse apresentando resultados mais promissores.
“A operação iniciou em maio, então já era para termos resultados. Em maio e junho nós tivemos aumento tanto das queimadas, quanto do desmatamento. Além disso, é importante destacar que quando você observa os dados mais de perto, mesmo que haja uma diminuição das queimadas no acumulado dos seis primeiros meses deste ano, muitos estados ainda estão distantes do pico do fogo, o que significa que os principais desmatadores ainda vão começar a agir”, afirma a pesquisadora, que é doutora em Recursos Florestais e Conservação pela Universidade da Flórida.
De acordo com Banco de Dados de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com 33,5%, a Amazônia é o segundo bioma brasileiro que mais registrou focos de queimada este ano, ficando atrás apenas do Cerrado (35,8%). No acumulado de janeiro até 28 de julho de 2020, foram detectados 12.470 focos, enquanto no mesmo período do ano passado, haviam sido 14.790.
Como explica Alencar, o número é preocupante. Isso porque a Amazônia, classificada pelos especialistas como como floresta úmida, dificilmente pega fogo naturalmente, como acontece no Cerrado. No bioma amazônico, o regime de fogo é considerado muito longo, ou seja, para que aconteça um incêndio florestal de maneira natural, leva-se de 500 a 1000 anos. A ação humana, entretanto, estaria modificando o regime.
“É preciso entender que o fogo na Amazônia raramente é natural. As atividades humanas estão impactando na capacidade da floresta de impedir o alastramento do fogo. Se a floresta está degradada o fogo, que de repente está no pasto, se espalha rapidamente. Ao contrário disso, uma floresta saudável impede o espalhamento do fogo. Ação e fiscalização eficazes são capazes de contornar esse cenário”, explica.
Fonte: PNB
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