Denis Minev
“…sempre gosto de retratar o Inpa. Eu sei que o Inpa é destinado à pesquisa básica – mas o orçamento do Inpa é um orçamento de menos de 50 milhões de reais – isso aqui é um indicador claro do nível de escolha que o Brasil fez.
Não sei se precisa de uma outra Embrapa. Já tem Embrapa Amazônia Oriental e Amazônia Ocidental. Precisaria vitaminar essa Embrapa e redirecionar as suas ações. Não é dobrar. É multiplicar por 10. Eu gosto de usar exemplo a universidade em que estudei, Stanford, que é a universidade praticamente responsável por gerar o Vale do Silício: orçamento anual de 7 bilhões de dólares. 700 vezes maior que o Inpa. Nós não conseguiremos competir com esse nível de escolhas.”
Carlos Nobre
“Queria pegar carona numa coisa que o Denis falou. De fato, simbolicamente, invés do Fundo Amazônia, os noroegueses darem 1 bilhão de dólares, eles enviassem algumas centenas dos mais brilhantes pesquisadores da Noruega pra ajudar o desenvolvimento dessa nova economia – eu concordo. Na minha avaliação – e eu trabalhei no Ministério de Ciência e Tecnologia, e nós avaliamos o CBA, como fazer: um erro histórico do CBA foi não ter um quadro permanente. Eles pegavam alguns professores aposentados da Federal do Amazonas, um da Unicamp, um da USP, estes iam lá fazer um tremendo de um esforço, com uma bolsa pequenininha, um monte de bolsistas – o tempo que eu trabalhei no ministério descobri que tinham 58 bolsistas trabalhando no CBA – bolsista vai lá pra aprender alguma coisa. Mas eles tavam lá fazendo rodar os laboratórios. A Suframa fez uma falha histórica de não ter construído uma capacidade do CBA que é humana: é o cérebro humano.”
Márcio Holland
“No caso do Amazonas, pelo que eu estudei, não é falta de recursos. É falta de governança com os recursos. Falta de conselhos com inspiração, com essa visão de pensar a Bioeconomia, a sociobiodiversidade, a promoção do microempreendedor sustentável amazônico, que monta toda uma cadeia produtiva na região, que verticaliza a região, interioriza o desenvolvimento, que diversifica os processos produtivos, diversifica os parques industriais. Pra isso tem recursos. Não tem governança para os recursos, e eles vão para os cofres do Estado. Ou vão para o governo federal para pagar folha de salário, pra pagar pensionistas, mas não para Pesquisa e Desenvolvimento voltado pra essa região.
É muito comum a gente falar da Amazônia sempre como igual (existem vários biomas diversos no Brasil, e dentro de cada uma existe uma grande diversidade, e quando a gente fala do Norte, quando falamos do estado do Amazonas ou do Pará, a gente fala de problema de infraestrutura. E não é só uma infraestrutura tradicional.”
Confira na íntegra o encontro Master Talks | Amazônia e Economia: é possível conciliar? realizado pela FGV:
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