Exposição, produto de mestrado da artista visual Hebe Sol, foi prorrogada e fica no Paiol da Cultura, no Inpa, até o próximo dia 05 de abril, como parte das comemorações pelo aniversário do Bosque
—– Por Hariele Quara* —–
especial para o Brasil Amazônia Agora
Ciência e arte se entrelaçam na exposição “Manaus e o Rio Negro”, da artista visual Hebe Sol, que traz uma viagem histórica, social e cultural sobre a relação entre cidade e rio ao Paiol da Cultura do Bosque da Ciência, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), até o próximo dia 05 de abril.
Na curva do corredor de acesso ao Paiol, o visitante é recepcionado por uma linha do tempo da cidade de Manaus e por citações profundas que promovem imersão na temática da preservação ambiental. O som da floresta amazônica envolve todo o local.
“A água de boa qualidade é como a saúde ou a liberdade: só tem valor quando acaba.”
Guimarães Rosa
Segundo a artista, a concepção da exposição perpassa a sua produção científica no mestrado em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). “No começo da pesquisa eu tinha um foco nos impactos socioeconômicos das cheias, mas quando eu fui a campo, percebi o quanto o rio e seus afluentes são poluídos diariamente”, conta.
“Aquilo me causou um incômodo, eu tinha dificuldade de fotografar o rio sem que algum lixo aparecesse”. Foi quando surgiu a ideia de criar, dentro da proposta do mestrado um produto que pudesse estar mais próximo da sociedade, promovendo interação, uma vez que, segundo a pesquisadora, “pouca gente se interessa em ler artigos científicos fora do ambiente acadêmico”.
Hebe Sol
Diversidade artística
O Paiol da Cultura está repleto de pinturas envolventes, concebidos com muita técnica e sensibilidade artística, além de fotografias e instalações que promovem um choque de realidade, uma brinquedoteca com divertidos brinquedos lúdicos criados a partir de materiais reciclados.
Enquanto uma mulher amazônica – a la Monalisa – persegue o visitante com um misterioso olhar, uma canoa, com chapéu, remo e outros apetrechos amazônicos, convida a participar da exposição.
“Na exposição, quis passar uma leitura fácil, mostrar a importância do Rio Negro para Manaus desde a fundação da cidade até os dias atuais. Então, quis fazer algo não apenas contemplativo, mas participativo, em que os visitantes pudessem se sentir parte da exposição.”
Hebe Sol
No centro do Paiol, um monstro de quatro metros de altura se alimenta do lixo do rio emite barulhos assustadores. “Trabalhei a ideia de colocar som ambiente e também dar voz ao monstro, a parte de sonorização é controlada remotamente, assim, quando há crianças muito pequenas, desligamos os gritos do monstro para não as assustar”, explica Hebe Sol.
“A exposição ‘Manaus e o Rio Negro’ é uma pesquisa-ação que visa promover a educação ambiental, consequentemente, contribuindo para a gestão e a preservação dos recursos hídricos em Manaus”.
Hebe Sol
O mestrado profissional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) integra a rede nacional ProfÁgua, da qual fazem parte 14 universidades brasileiras. “Minha sugestão de produto foi avaliada pela coordenação nacional e aceitaram a proposta da exposição como produto, a primeira neste estilo no mestrado”, frisa a artista.
O trabalho de Hebe Sol fica em exposição até o dia 05 de abril, como parte da programação de aniversário do Bosque da Ciência, comemorado em 1º de abril, coincidentemente, também aniversário da artista.
De segunda a sexta-feira, a visitação vai das 14h às 17h. Nos finais de semana, o horário é estendido: das 9h às 17h. A entrada custa R$ 5 aos visitantes. Confira o vídeo:
*Jornalista – SRTE 1019-AM
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