A importância do monitoramento do uso do solo para o planejamento do território e a necessidade de continuidade do projeto TerraClass foram os principais encaminhamentos do debate virtual promovido pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) com representantes da Embrapa e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Desenvolvido pela parceria da Embrapa com o Inpe até 2016, o TerraClass classificou o uso do solo das áreas desmatadas na Amazônia Legal no período de 2004 a 2014. Até então era conhecida apenas a proporção entre as áreas de floresta e aquelas que foram desmatadas, levantada anualmente pelo Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes).
“O TerraClass veio para responder a questão sobre o que acontece com as áreas onde ocorre o desflorestamento. E foi possível gerar uma série de outras informações até então desconhecidas”, afirmou Adriano Venturieri, chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental.
O trabalho estabeleceu classificações para as áreas desflorestadas como agricultura, pastagens ou vegetação secundária e mostrou as transições de usos do solo nessas áreas de 2004 a 2014. “Esses dados são importantes para a tomada de decisão em várias situações, como planejamento de políticas agrícolas, assistência técnica ou de mudança de clima”, exemplificou Venturieri.
O levantamento também mostrou que, em dez anos, a área destinada à agricultura anual praticamente dobrou de tamanho e obteve 40% desse incremento pela ocupação de antigas pastagens. “Precisamos de instrumentos como o TerraClass, que fornecem dados precisos e assertivos, para mostrar com transparência o que vem sendo feito pelo setor agropecuário brasileiro, como o uso eficiente dos recursos naturais”, afirmou Nelson Filho, coordenador de Sustentabilidade da CNA e moderador do debate.
Retomada
Para dar continuidade ao projeto e disponibilizar análises dos anos de 2016 e 2018, a Embrapa e o Inpe buscam recursos e estão abertos a parcerias. “Estamos no momento de sensibilizar os possíveis financiadores desse projeto. Pode ser recurso governamental, via emenda parlamentar ou do próprio orçamento da União, ou ainda de parceiros da iniciativa privada, como empresas que tenham interesse em trabalhar conosco para atualizar essas informações”, disse Cláudio Almeida, coordenador de Monitoramento da Amazônia e demais Biomas do Inpe.
Segundo o especialista, as análises das imagens de satélite e a classificação dos usos do solo foram realizadas nos anos pares, pois a dinâmica de transformações não é tão intensa a ponto de ser necessário o detalhamento ano a ano. “Já aquelas mudanças que ocorrem no intervalo de dois anos são significativas e valem o investimento”, explicou Almeida.
Para Adriano Venturieri, as informações para compreensão e planejamento do território são tão importantes que o trabalho deveria se transformar em um programa de governo para produzir as atualizações e apresentar, a cada dois anos, as modificações sobre o uso dos solos na Amazônia.
Ele estima que seria necessário um trabalho de dois anos para entregar as análises referentes a 2016, 2018 e 2020. “Como levamos de sete a oito meses para concluir uma data, poderíamos entregar esses três anos ao final de 2021”, prevê o pesquisador.
As primeiras edições do projeto TerraClass foram financiadas com recursos do Banco Mundial e do Fundo Amazônia, além da própria Embrapa e do Inpe.
Fonte: Embrapa
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