Identificado com as questões que nos inquietam, o coronel Alfredo Meneses tem conseguido colecionar manifestações calorosas de apoio e de acolhimento a sua simplicidade, clareza de intenções e disposição para a mudança. Em meio a essa movimentação, achou um tempo para receber a Follow Up, com o jeito típico dos amazônidas, a preciosa espontaneidade solidária. Confira!
Follow Up – Durante a Copa de 2014, Manaus mostrou o esplendor de sua hospitalidade. Perdemos a chance, porém, de mostrar a única planta industrial do planeta que compartilha a própria paisagem no meio da floresta e sob as bênçãos do magnífico fenômeno, o Encontro das Águas. Buracos, são tantos os buracos, Turismo e atração de investimentos deixados de lado. O que a Suframa, sob seu comando, pensa fazer a respeito?
Alfredo Menezes – Fui escolhido para dirigir a Suframa com uma tarefa bem clara: a incumbência é fazer o que tem ser feito com parcerias sólidas. E vou fazer. Vou buscar o poder constituído e as entidades representativas de classe, sem eles fica mais difícil. Deixo claro que sou um técnico, e minha missão será cumprida. Vejo entusiasmo no seio da sociedade com a presença de militares na Suframa. E isso é mais do que motivador. O Polo Industrial de Manaus é nossa grande geração de emprego, oportunidades e riqueza. Precisa ser tratado como tal. Lembrando que meu doutorado é logistica, este gargalo que podemos e devemos enfrentar.
FUp – Há uma grande expectativa com relação ao resgate do Conselho de Administração da Suframa como colegiado supremo de políticas de desenvolvimento regional, como manda a Constituição. Quais são, no seu plano de trabalho, as medidas e os instrumentos dessa mudança.
AM – É importante lembrar que a Suframa foi instalada com a visão de negócios para o desenvolvimento regional. E a composição de seu colegiado tem algumas autoridades federais, pois a autarquia é federal. Entretanto, temos que ter presente o interesse regional, por isso, governadores e prefeitos, além dos parlamentares da região, tem assento no Colegiado. Temos a perspectiva que o presidente Jair Bolsonaro estará presente em nossa primeira reunião do CAS. Isso representa o sinal mais do que positivo de que o presidente já assumiu, um olhar especial na direção da Amazônia. Vamos convocar os Conselheiros, entre eles, os governadores e prefeitos que lá têm assento. Temos clareza das parcerias e da necessidade de apoio dos parlamentares da Amazônia.
FUp – Temos 0,6% das indústrias do Brasil e muitas dificuldades de adensamento do modelo. Um grupo de trabalho, em Brasília, é encarregado – sabe-se lá por quem – de engavetar as licenças de PPBs, os processos produtivos básicos para novos produtos. Isso têm esvaziado as iniciativas de adensamento e diversificação do Polo Industrial de Manaus. Como resolver essa questão? O que a Suframa, sob seu comando, vai fazer para atender essa demanda de toda a sociedade, sobretudo de empresas com novos investimentos?
AM – A visão do Ministério da Fazenda, ao qual estamos ligados diretamente, é ampliar o livre mercado, a livre concorrência. Esse embargo de gaveta não é compatível com esta visão. Temos, pelo contrário, que atrair novos investimentos para gerar mais emprego. A ZFM foi muita maltratada pela recessão que ainda não acabou. Nosso plano de trabalho é manter uma sintonia fina com quem quer crescer, diversificar nossa economia. Minha missão é esta, repito, de fazer o que tem que ser feito. Ninguém na Suframa é juiz do passado. Agora é olhar pra frente, construir um futuro mais digno, voltado para o fortalecimento da autarquia e diversificação de seus benefícios. Tenho notícias de que já estão providenciando um novo formato de licença para os novos investidores e para as empresas instaladas que queiram diversificar sua produção.
FUp – Completamos 52 anos de ZFM e temos mais meio século para mostrar nossa capacidade de promover o desenvolvimento regional compatibilizando economia e ecologia, desenvolvimento e sustentabilidade. Que ideias e propostas estão no radar da nova administração da Suframa e de onde virão os recursos? AM – Não trago receitas prontas, trago a disposição de destravar gargalos. Nossas potencialidades são infinitas e o mundo precisa de que nos temos para oferecer. Precisamos, porém, trabalhar com inteligência, cobrar do mundo os serviços ambientais que temos ofertado gratuitamente. Quanto custa abastecer os reservatórios do Sudeste, o que recebemos em troca pela energia que nossas hidrelétricas fornecem. Guardar esse patrimônio tem por finalidade conhecer suas potencialidades e fragilidades, diversificar e espalhar seus benefícios sem matar nossa galinha dos ovos de ouro, a Amazônia.
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