Para um País que navega sem bússola e que se propõe a rever suas escolhas e resultados na quadra eleitoral que se aproxima, os olhares da brasilidade deveriam se voltar para dois eventos desta quarta-feira na Unesp, na capital paulista, onde será lançado o livro ‘Repensar a Universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais’, organizado por Jacques Marcovitch, ex-reitor da USP e responsável pelo projeto, que mobilizou luminares da academia e da vida pública; e onde será realizada a terceira etapa de outro projeto, de extrema relevância e necessidade: a formulação de Indicadores de Desempenho nas Universidades Estaduais Paulistas.
A iniciativa é poiadas pela Fapesp no âmbito do Programa Pesquisa em Políticas Públicas, que busca aproximar academia, economia e cidadania numa perspectiva de avaliação do papel e dos resultados consignados pela instituição, à luz da expectativa e atendimento de demandas do mantenedor maior, o contribuinte.
Há um contentamento nacional com o reconhecimento global da Universidade de São Paulo, recentemente aclamada em destaques simbólicos no Ranking Global de Conteúdos Acadêmicos. Ela ocupa os primeiros lugares em Ciências e Tecnologia dos Alimentos (7º lugar) Ciências Agrícolas (11º), Ciências Veterinárias (25º), Biotecnologia (34º) e Farmácia e Ciências Farmacêuticas (41º) e Odontologia (9º), uma resposta robusta para desafios emergenciais do Planeta e, sobretudo, do Brasil. E são dois de seus grandes reitores, Marcovitch e Goldemberg, os arautos desse chamamento dos direitos e prioridades civis do país, na avaliação da universidade, de suas métricas e resultados para o atendimento da sociedade.
A decisão de adequar essa expectativa da sociedade a um Brasil que mudou para pior, sem tirar o foco da produção científica e da formação de recursos humanos, prioriza maior aproximação e compromisso das instituições paulistas com o estado permanente de emergência do Brasil.
Em seu artigo, na primeira parte do livro, O prof.José Goldemberg, presidente da Fapesp, sob o título Ciência, Desenvolvimento e Universidade, analisa a importância histórica das métricas na aferição do avanço da ciência e da tecnologia e a importância da escolha de indicadores que identifiquem as causas dos problemas e apontem soluções. A mesma estratégia, segundo ele, é válida na escolha de métricas para medir o desempenho das universidades.
Marcovitch, de olho na temática nacional e global de sustentabilidade, clima e governança, na construção de um futuro que resgata as lições de empreendedores e pioneiros de todo o país, tem convidado a academia a olhar para a academia amazônica, formulando aproximações estratégicas, mapeando lideranças regionais, alertando para as métricas do conhecimento, dos processos e dos resultados da academia com a sociedade.
“Repensar a Universidade significa tematizar a redução drástica dos postos de trabalho, agravada pela recessão, e os 11% dos brasileiros que desembarcaram no abandono da extrema pobreza, 14,8 milhões de pessoas, segundo dados do IBGE. Repensar as universidades paulistas é expor as métricas do desempenho e, movimento, uma política pública inovadora no âmbito das três universidades estaduais de São Paulo, e integrá-las na dinâmica da reconstrução do País”.
Para além do Anuário Estatístico, impõe-se a implantação de unidades de inteligência, produção e monitoramento da relação custo x benefício, onde importa saber onde cada centavo é aplicado, como se avalia sua aplicação e seu retorno. Importa, nesse contexto, o paradigma do setor produtivo, que sabe prestar contas à sociedade em sua responsabilidade social e ambiental.
O consenso é uma meta e repensar um compromisso, diz Jacques Marcovitch, enquanto lidera uma Conferência Global de Gestão da Amazônia, que ocorrerá em Manaus, dias 29, 30 e 31 deste mês, na parceria USP e UEA, Universidade do Estado do Amazonas, com quem foi formulado um Dinter para qualificação de 22 doutores em Administração. Se o Brasil não consegue aprender e ensinar como administra esse patrimônio tão cobiçado e tão promissor, formular parcerias de ensino e aprendizagem é desafio de quem considera a academia um instrumento de qualificação e cidadania – quanto custa o serviço ambiental que a Amazônia presta graciosamente ao Planeta – e nesse prisma o Brasil precisa se integrar e avaliar o papel das instituições públicas nos desafios do hoje e na preparação do amanhã.
Livro: ‘Repensar a Universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais’; Editado pela ComArte, Apoio FAPESP. Apresentação Reitores Vahan Agopyan (USP), Marcelo Knobel (Unicamp) e Sandro Valentini (Unesp).
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