Jaime Benchimol (*)
Temos razões para alimentar otimismo com a escolha de Jair Bolsonaro como presidente do Brasil, não apenas pelo que ele representa para a economia brasileira, mas, de certa forma, também, para a economia do Amazonas. Para nós que nos envergonhávamos do capitalismo e padecemos de uma herança da burocracia, com uma máquina pública lenta, pesada e perdulária, parece quase um milagre que alguém com uma retórica de liberalismo econômico, redução do tamanho do estado, privatizações e desregulamentação da economia, chegasse à presidência da república. Por uma rara combinação de fatores políticos, econômicos e legais, isso foi possível.
Reconciliação com o capitalismo
Temos insistido na necessidade de reconciliação com o capitalismo, onde o estado cumpra o papel institucional de facilitador para a geração de riquezas através da liberdade para empreender e consumir. A presença de Paulo Guedes, uma referência acadêmica e administrativa da visão liberal, deve comandar a economia, na função de superministro, atento a promover a competição, reduzir as barreiras para investimentos, flexibilizar as importações e colocar os interesses dos consumidores no centro da equação econômica.
Combate à pobreza
Precisamos de menos impostos e menos gastos públicos. Quem arrecada menos aprende a gastar melhor prestando melhores serviços ao público, nas áreas que não puderem ser privatizadas. Devemos deixar mais recursos na mãos dos consumidores para que eles tomem, com liberdade, as suas próprias escolhas através de preços livres que promovam a alocação correta de investimentos onde eles são desejados e necessários, sem dirigismo governamental. Esse é o princípio da eficiência econômica que levou tantos países à riqueza e à prosperidade. A prioridade deve ser combater a pobreza e o desemprego que causam sofrimento humano, e não a desigualdade, resultado da diferença de talentos para aprender, inovar, trabalhar e tomar riscos.
Alento para o Amazonas
Para o Amazonas vejo também mudanças positivas na nova era Bolsonaro. O asfaltamento prometido da BR-319 que nos liga a Porto Velho e ao restante do Brasil encerrará um longo período de isolamento do Amazonas com o país, por via terrestre, criando muitas oportunidades na agricultura, pecuária, mineração e redução nos custos de transporte, facilitando inclusive a logística de grãos do Centro-Oeste para o exterior. Adicionalmente acredito que a Amazônia ganha renovada prioridade na nova geopolítica do governo federal que dará mais atenção à proteção de fronteiras, combate ao narcotráfico e a instituições como o Comando Militar da Amazônia, a Base aérea de Manaus, estação Naval e órgãos de monitoramento regional como SIVAM, SIPAM etc. Vejo ainda vantagens na posição do futuro governo no enfrentamento da regulamentação ambiental excessiva, que ao desconsiderar os interesses do homem amazônico de hoje, nos tem impedido de dar utilização e aproveitamento aos nossos recursos naturais dificultando a criação de alternativas econômicas para o estado.
Novas modulações econômicas
Dentre os desafios que iremos nos defrontar estão a provável abertura da economia brasileira para o exterior com menos impostos sobre as importações e consequente impacto sobre a competitividade da indústria da ZFM, porém espero que esse movimento seja gradual e a longo prazo benéfico para promover maior eficiência da indústria e também para obrigar o Amazonas a diversificar a sua economia, hoje excessivamente dependente do modelo ZFM. O atual modelo, que precisa ser preservado, nos trouxe cinco décadas de relativa prosperidade, mas nos manteve reféns de incentivos fiscais que nos distanciaram de nossas verdadeiras vocações para atividades como a mineração, o turismo, a extração florestal, a fruticultura, a piscicultura, a bioindústria, a construção naval,etc
Assim, uma nova era se iniciará cabendo a nós assumirmos o controle do nosso destino e do nosso futuro.
(*) Jaime Benchimol é empresário.
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