A campanha Troca-Tudo, veiculada pelas redes sociais, tem um que de infantilismo, a doença típica de quem defende a tese de que “o inferno são os outros”. No limite, essa proposta, levada às últimas consequências, implicaria em trocar eleitos e eleitores, posto que os eleitos que não agradam existem porque nós os escolhemos. Vamos, então, na lógica emergencial do bom-senso e discernimento, dar um passo de cada vez e, em lugar de trocar fulano ou sicrano, mudar a atitude de indiferença com relação a tudo aquilo que a classe política representa depois que a escolhemos. Em vez de ignorar, acompanhar, cobrar e tornar pública nossa avaliação. E, ao aproximar as lentes, podermos dizer o que somos, o que queremos é o de pretendemos chegar.
Temos que sair da caixa, aqui entendida como as questões imediatas e domésticas de nossa economia, e olhar a base de sobrevivência e de transformação das condições socioeconômicas e ambientais desta região. E este olhar significa propor aos próximos gestores a formação de alianças e parcerias de trabalho em favor da região. Significa, portanto, que precisamos saber o que temos em comum – não apenas em termos de gargalos, sobremaneira na área de infraestrutura – mas em termos de demandas de investimento para criarmos uma rede partilhada e conectada de negócios complementares entre si. E por aí vai.
Gargalos existentes e modelos de negócios de superação. Ou seja, temos que alinhar nossas principais dificuldades comuns e propor saídas regionais. Isso se faz com um planejamento estratégico estruturado em mutirão regional. Esse planejamento pode ser feito, inicialmente na Amazônia Ocidental e Amapá, área sob gestão fiscal da Suframa, e posteriormente com toda a Amazônia brasileira e continental, levando em conta, por exemplo, o planejamento em execução do Pará, que já oferece sobejos resultados.
Há experiências avançadas no Acre, Roraima precisa de revisão de sua estrutura bioética, fundiária e de infraestrutura para um desenvolvimento diferenciado. Rondônia vai bem obrigado e, vizinhos como o Peru tem muito o que nos ensinar.
Eventualmente, também, poderia ser pensada a integração entre Suframa e Sudam para que as verbas recolhidas pelas empresas incentivadas pudessem ser distribuídas para projetos a serem avaliados pelos Conselhos dessas autarquias ou por um novo Conselho que um colegiado representativo das questões aqui averbadas. A rigor, esse encaminhamento tem por propósito mobilizar o viés político dessa luta, mobilizando as representações parlamentares de todos os estados amazônicos.
Uma Agenda Amazônica, capaz de impor a obviedade de uma frente parlamentar da região, nos moldes do Centro-Oeste -e do Nordeste, principalmente – que conseguem mobilizar, há décadas, seus parlamentares, com inteligência, eficiência e um portfólio robustos de resultados, conquistados com o peso político de seus governadores.
Hoje, vendemos e compramos de nossos vizinhos um cardápio generoso de itens que podem ser levados a multiplicação incessante. Por exemplo, na área de insumos, alimentos, produtos industrializados – que, infelizmente, ainda precisam passear pelo Sudeste por conta de uma política fiscal sem sentido – entre outros potenciais negócios.
Na área de alimentos e/ou insumos para o polo industrial de Manaus, podemos formalizar as relações comerciais com os incentivos atraentes que as empresas do Sudeste usufruem para vender para Manaus. E as verbas de pesquisa e inovação poderiam ajudar a fortalecer, diversificar e regionalizar cadeias de produção desses novos parceiros. Ou seja, estamos conjecturando um leque criativo e promissor de novos empreendimentos. Essa é a base motivacional da aliança política regional.
A hora é de mudança e de eleger aqueles que já mostrarem capacidade de transformar o discurso da demagogia na troca de atitudes de uma nova e cívica configuração.
Boa tarde Alfredo.
Li seu artigo, e vejo a campanha do Troca Tudo de outra maneira.
Exatamente para alcançar os objetivos que você lista, acredito ser necessária uma renovação completa de nosso quadro político.
Acredito que TODOS os políticos atualmente eleitos estão comprometidos com a atual estrutura de nossas leis e regulamentos, seja por atuação direta, seja por conivência ou omissão.
É necessário que reais representantes da população como você, eu ou qualquer um estejam atuando nos órgãos legislativos em prol do interesse da população.
Chega de especialistas em obstruções e outras manobras que só visam atender interesses próprios.
Não estou incentivando que se eleja uma legião de Tiriricas, mas sim integrantes da sociedade que realmente lutem pelos interesses públicos, e não estejam ligados a outras causas.
Acredito que a ideia tem de ser aperfeiçoada ainda, mas é um bom caminho a ser seguido.