Todos os anos em que entramos na temporada eleitoral, as entidades do setor produtivo se apressam em listar algumas das bandeiras que poderiam tornar competitiva a economia do Amazonas com ampliação de benefícios em todas as direções. A palavra mágica é competitividade, em todas as campanhas sublinhada, repetida e fonte de desencanto há mais de 50 anos.
As expectativas submetidas aos candidatos a governador nas três esferas e respectivos colegiados parlamentares permitiriam, se atendidas, desenhar um cenário de prosperidade em todas as direções em todos os segmentos. Não há registro de bandeiras reivindicando privilégios. Há apenas disposição de trabalhar com mais flexibilidade dentro dos expedientes legais normativos, segurança jurídica e desburocratização. O resto é detalhe.
Essas bandeiras sugerem, por exemplo, que um percentual discreto, de 3% a 5% da riqueza gerada seja aplicado em infraestrutura de transporte, de comunicação e de energia, a premissa sagrada da competitividade. Se atendido este pleito, teríamos registrado resultados mais robustos de produtividade e lucratividade. Uma indústria competitiva gera mais riqueza, oportunidades, postos de trabalho e aos olhos do governo melhor arrecadação para exercer seu papel. De quebra estariam colocadas condições atraentes para novos investimentos, ampliando a oferta dos atuais três milhões de porte de trabalho em toda cadeia produtiva da ZFM pela País a fora.
O Amazonas é campeão na geração de emprego nos mais longínquos rincões do território nacional. Entretanto com estradas esburacadas a começar pelas vias do distrito industrial de Manaus, taxas portuárias extorsivas, comunicação de dados e voz precária e cara, e distribuição caótica de energia, em vez de avançar, temos caminhado para trás.
A riqueza gerada no Amazonas tem sido confiscada pela União em quase 60% segundo estudos da USP, justamente num estado em que a contrapartida fiscal se destina a reduzir desigualdades regionais. Com apenas 8% da renúncia fiscal do Brasil, autorizados pela CF ficamos de mãos atadas com o confisco praticado historicamente pela União. Eis nosso maior paradoxo e a bandeira mais urgente de mobilização da classe política em defesa do Amazonas. Existe alguma mais importante do que esta? Seria possível baixar as armas ridículas do conflito interno que tem separado grupos e agremiações políticas ávidas pelo poder para somar esforços e prestígios políticos junto ao poder central.
Dizendo de outro jeito, com certeza o respeito à Lei, é nossa maior expectativa é aquilo que mais deve ser cobrado da classe política. O resto é decorrência. Com ambiente de trabalho seguro, as empresas vão render mais dentro de um parâmetro produtivo, mais respeitado pelo olhar estrangeiro, onde economia e ecologia dançam no baile da sustentabilidade competitiva.
Cumprindo a Lei e trabalhando com flexibilidade poderemos desembarcar em novos formatos de bioeconomia na consolidação do Polo mineral, florestal e de serviços ambientais, expandido o Polo de informação e comunicação. Na hora do voto quem entendeu os benefícios que aí estão incluídos, avaliando a simplicidade e os avanços dessa equação, vai contribuir para que inauguremos uma nova era que seja socialmente equilibrada, ambientalmente inteligente, economicamente lucrativa e politicamente acertada, em atendimento às lições do saudoso Professor Samuel Benchimol.
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