A despeito das boas intenções e promessas de ‘arrumações da casa’, as questões político-institucionais do Amazonas vão continuar. E vão exigir atitudes de quem quer avançar além e ao largo das querelas do poder público. Não há almoço de graça e ninguém empresa apoio político com espírito de Madre Tereza. Ademais, a desarrumação do Amazonas é muito maior do que se possa imaginar. Por isso, é quase inviável trabalhar sem os recursos da abundância perversa. E mais grave: fazer as novas gerações entenderem que o Amazonas, embora seja pródigo em riquezas naturais, é deficitário em gestão de negócios, e desaprendeu a empreender soluções em tempo de penúria.
É tenebroso administrar a desarrumação integral quando a fatura política tem custo alto e farto nos acertos do cerimonial do poder. A pauta é repleta de demandas e defasada de proposições de saídas. Portanto, nada se deve esperar dos anúncios messiânicos. Não há receita nem previsão delas. A agenda é de trabalho, com redobrado afinco. E se há uma demanda a fazer, não resta dúvida: viva e deixe viver, ou melhor, trabalhe e deixe trabalhar quem quer trabalhar.
Neste contexto se resume o espírito da Proposta: “DIAGNÓSTICO TERRITORIAL E POTENCIALIDADES DO ESTADO DO AMAZONAS”, encomendado pelas entidades do setor produtivo do Amazonas à FIPE, Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP, com participação da UFMG, para avançar nos caminhos propostos no decorrer de 2016 pelas Jornadas do Desenvolvimento, iniciativas públicas e mobilização dos atores privados para a construção frustrada das chamadas novas modulações econômicas, um caminho de diversificação da economia proposto pelas entidades do setor privado em 2013, após ouvir as ponderações de todos os atores que acreditam e trabalham nas iniciativas de diversificação e interiorização da economia. “É temerário continuar dependendo exclusivamente da economia da ZFM. Precisamos diversificar as matrizes econômicas” dizia e diz insistentemente o presidente do CIEAM, Wilson Périco.
Avançamos, desde então, na insistência para a academia estadual apostar na formação de gestores, na sequência da aproximação institucional com a FEA USP. Daí a iniciativa do DINTER, Doutorado Institucional em Administração entre UEA-FEA USP, com previsão de Mestrado nesta área já no próximo ano. Trabalhar com a UEA, uma instituição mantida pelas empresas da ZFM, é juntar economia e academia. Não se trata de substituir o poder público mas de interagir com ele tão somente para que cumpra sua parte na aplicação competente e transparente dos recursos que as empresas recolhem de acordo com a lei e com as responsabilidades socioeconômicas e ambientais das empresas.
Compete ao governo administrar seus acordos e embaraços contanto que não atrapalhe a sociedade a resgatar os propósitos e projetos de interesse do cidadão, do Estado. E que os atores privados possam emprestar sua colaboração e habilidades na prospecção e oportunidades para diversificar a economia, interiorizar os benefícios e promover o desenvolvimento integral sustentável de nossa região.
No Amazonas, dada sua imersão na crise com gravidade diferenciada, o setor produtivo precisa exercer sua autoridade de exigir do setor público nada mais nem além do que está na Lei. Este é o clamor generalizado. Trazer a colaboração da FIPE, os indicadores necessários para parametrizar e precificam as potencialidades e oportunidades do Amazonas, dos acertos e avanços do desenvolvimento regional desenhado e aplicado pela UFMG em vários estados da Federação, significa PROTAGONISMO CIVIL. Afinal, é este setor que emana a base econômica que dá sustentação à receita pública e que se manifesta ao lado de seus colaboradores e suas famílias. Não há outro caminho recompor, fortalecer a produtividade e competitividade, fatores decisivos na recuperação de emprego, renda e dos impostos que o cidadão quer ver aplicado a seu favor. Por favor!
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