Às vésperas de mais um aniversário do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), onde estamos colaborando desde março de 2013, cabem aqui algumas reflexões de agradecimento e da aprendizagem que esta entidade representa e de esclarecimentos para quem se dispõe a entender a economia da Zona Franca de Manaus e sua importância para o Amazonas e toda esta região que, a partir dela, foi ganhando rosto e credibilidade.
À propósito, a despeito da dedicação colaborativa, cabe deixar claro que, além de consultor, não somos parte do quadro de funcionários da entidade nem temos delegação para falar oficialmente em seu nome, sobretudo em assuntos da delicadeza política eleitoral.
Esta tarefa cabe à presidência do Cieam e a seu Conselho Superior do qual não tenho o privilégio de pertencer. Nosso trabalho tem sido mapear as dificuldades institucionais da ZFM, os gargalos da economia e as desacatos constitucionais promovidos pelo poder público, agravados pelo distanciamento político, resguardadas exceções, da bancada parlamentar.
Esta entidade, a despeito de representar, formalmente, os interesses da classe empresarial aqui atuante, desde seu nascedouro, trabalha em cima de posicionamentos focados no desenvolvimento do Amazonas e na busca de resguardar os interesses do cidadão, como rezam as premissas do capitalismo avançado.
É inteligente é necessário conceber a prosperidade do tecido social como o sustentáculo de qualquer modo de produção. De que adianta uma sociedade empobrecida e atrasada para uma economia que se baseia na livre iniciativa? Há que se ter em mente a evolução da humanidade, de onde se formam os consumidores exigentes e responsáveis pelo aumento da competição e da competitividade empresarial. Nesse espaço restrito de atuação, a defesa da economia da ZFM nos parece a bandeira mais progressista para resguardar os compromissos de geração de riqueza a favor de nossa gente.
Nesse patamar de reflexão foram construídas as críticas à classe política que tem conduzido o Amazonas, e que põe em segundo plano os interesses do cidadão, enquanto prioriza seus propósitos pessoais e de grupo. Uma ausência crônica dos reais problemas da sociedade. A começar pelo descaso com os instrumentos e condições de trabalho de colaboradores e empreendedores que geram riqueza a partir do polo industrial. Aqueles que se dizem conhecedores da problemática alardeiam o messianismo verborrágico do compromisso e se distanciam léguas do enfrentamento real de nossas dificuldades em manter e consolidar a ZFM.
O pastor José João, líder presbiteriano, alertou para esta emergência: “ cuidar de nossa galinha dos ovos de ouro é dever de todos”. Basta olhar as condições de precariedade crônica e de abandono do Polo Industrial de Manaus. Ali, naquelas ruas esburacadas e tomadas pelo matagal, a prefeitura arrecada 50% de seus impostos, o governo recebe R$1,3 bilhão de fundos para cuidar da educação superior, interiorizar o desenvolvimento e dar assistência à filantropia do gabinete do governador.
Nos últimos governos, o principal de toda essa verba foi usado para progressivamente custear a máquina pública, inchada e ovada como um quelônio. Vale lembrar, ainda, que 80% da receita estadual depende da economia que irradia do polo industrial.
Defender a ZFM deveria ser matéria escolar desde o ensino fundamental. A contrapartida dessa receita – que a lei destina ao cidadão e a ele chega de mofo capenga – frequentemente obscuro e perversamente reduzido, deveria ser atitude de todos que aqui vivem e dessa economia dependem. Cabe, por fim destacar que a União federal recolhe mais de 50% da riqueza aqui construída e tem atuado, fortemente, nesse confisco de verbas que a Constituição determina sejam aplicadas na redução das desigualdades regionais.
Não importa saber quem é santo ou demônio nessa liturgia. Não somos auditores. O que não é justo é a pratica corrente da ilegalidade naturalizada, onde o poder público, constituído para resguardar a Lei, é o primeiro a virar as costas para suas determinações. Não somos porta-voz do Cieam, Fieam ou qualquer outra entidade de classe. Apenas, temos aplaudido essa presença benfazeja e nos insurgimos contra a gestão faz-de-conta daqueles que deveriam cuidar da consolidação e do crescimento desta economia. Dela irradiam as condições de trabalho, progresso e de prosperidade de que o Amazonas e o Brasil necessitam. Daí nossos aplausos e agradecimento.
(*)Alfredo é filósofo, ensaísta e consultor do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas) [email protected].
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