Com a mensagem do presidente Wilson Périco, apresentada na primeira reunião atual do Encontro com Notáveis, em fevereiro último – “A ZFM não é parte do problema e sim das soluções do Brasil” – o CIEAM tem procurado alguns dos atores mais destacados do debate nacional, na busca de soluções de curto, médio e longo prazo. A pauta gira em torno da geração de empregos, qualificação de recursos humanos e economia de baixo carbono, pontuando os compromissos do Acordo de Paris – que compatibiliza desenvolvimento socioeconômico e mudanças climáticas. Esses compromissos serão reavaliados em 2030. Entre os atores, destacamos: FEA-USP, FIPE, FGV, INSPER, INSTITUTO ESCOLHAS, OIT-BRASIL, COALIZÃO BRASIL CLIMA FLORESTA E AGRICULTURA, entre outros. Em comum está a partilha de novas trilhas de crescimento sustentável, considerando a experiência da economia sem chaminés da ZFM e as opções de inovação da tecnologia da informação e da comunicação e da nanobiotecnologia. A proposta do CIEAM, compartilhada pelos demais integrantes da Ação Empresarial e com apoio da Suframa, aponta para um formato mais organizado e estratégico de proteção da floresta –até aqui fortuita – e geração de novas modulações econômicas a partir dos recursos gerados no polo industrial de Manaus. Estamos chamando esse debate de Amazônia 2030. Há 50 anos, quando foi criada em 1967, a Zona Franca de Manaus, ZFM, foi demarcado o Distrito Agropecuário com aproximadamente 600 mil hectares para programas e projetos de desenvolvimento no setor primário. Área para manejo, não para contemplação. Um ponto no mapa das dimensões amazônicas. Passado meio século, apenas 20% foi usado e mais ou menos usado. Uma agricultura divorciada quase toda da tecnologia. O resto ficou no aguardo de programas, projetos, parcerias. A burocracia estimulou a invasão por inércia e o confisco transformou-se em pratica de migrar para outras regiões ou aplicações obscuras dos recursos para atendimento das demandas regionais de inovação, tecnologia e negócios sustentáveis. Em 2017, Suframa e as entidades do setor produtivo, querem definir o que fazer com os 80% – os 480 mil hectares que permanecem intocados. Protegemos mais de 95% da cobertura vegetal mas quase nada foi feiro para unir proteção com economia sustentável.
Amazônia, proteção e precificação ambiental
Qual é a importância econômica da floresta amazônica na busca do equilíbrio climático da Terra? Eis a pergunta da hora que o Brasil precisa responder para consolidar seu protagonismo ambiental na comunidade internacional. Em 2014, numa parceria com o governo japonês – um país que enxerga Amazônia as respostas para as grandes demandas climáticas – o Brasil cumpriu uma etapa robusta dessas investigações, que durou 4 anos, através do projeto Dinâmica do Carbono da Floresta Amazônica, CADAF, da sigla em inglês. Entre altos e baixos da timidez dos financiamentos de pesquisa, o Inpa, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, está pilotando/consolidando estes dados desde 1998, com parceiros internacionais. E já consolidou um sistema de inventário florestal contínuo para o Estado do Amazonas, com abundância de informações que demandam mais informações e elucidações vitais. Uma delas é metrificar a dinâmica alimentar deste organismo com vinte bilhões de tonelada de carbono, o dobro das emissões do planeta a cada ano. Como se dá a troca alimentar da floresta com a atmosfera, onde, além do carbono, estão dispersos outros resíduos que a civilização predatória emite a cada instante? No caso do organismo humano, a estimativa estudada é o consumo/ingestão média de duas vezes o peso de cada indivíduo por ano. Isto se aplica à floresta? Em que proporções? Quanto, como e onde a floresta evacua este consumo? Poderíamos – e em quanto tempo? – Descobrir que fixamos o equivalente a quantas vezes o volume de emissões da Terra? Como ampliar este processo de saneamento, ou seja, o metabolismo das emissões? Como promover mudanças no padrão predatório desta civilização rumo à economia de emissões equilibradas? Como atender a segurança alimentar das populações numa economia de baixo carbono?
Matrizes econômicas de baixo carbono
Podemos fazer Manejo Florestal Sustentável. Isso significa adensar e fortalecer a floresta, extraindo madeira com inteligência sob rigorosos critérios de certificação, ao preço internacional de mercado que pode alcançar US$ 4 mil/m3 no mercado europeu. Manejar é robustecer a floresta e oferecer alternativa ao interior, ao empreendedor e ao ribeirinho, sem depredação. Mapear, além disso, identificar e coletar mudas de alto valor comercial para propagação em laboratório. O CBA Centro de Biotecnologia da Amazônia, em ampla parceria e rede regional/nacional tem equipamentos sofisticados nesta direção. Cultivar espécies para extração de óleos, resinas, extratos, moléculas e biomoléculas com demanda industrial para cosméticos, fármacos, nutracêuticos, agregando valor pela inovação tecnológica. Além disso, um Programas de Agricultura Orgânica para abastecer Manaus que importa 90% dos alimentos que consome. Nunca é demais lembrar que o Peru faturou US$ 1,5 bilhão de exportação de alimentos orgânicos para Europa. Ainda cabe, nesta imensa área, que será oferecida para grandes corporações de biotecnologia desenvolver com os atores locais programas de P&D. Programa de produção de mudas para Reflorestamento: o Brasil prometeu plantar 12 milhões de hectares de floresta até 2030 e isso custará R$ 52 bilhões, segundo o Instituto Escolhas. Tudo isso, diversificando e adensando o polo industrial de Manaus, para garantir os serviços ambientais em vigor. Quanto custa manter 150 milhões de hectares intactos de floresta? Quanto custa exportar pelas nuvens – OS RIOS VOADORES – a água que abastece o Sudeste do Brasil. Quantos bilhões de toneladas esta floresta sequestra para ajudar o Brasil e o Mundo para respirar melhor. De onde vem o recurso? As empresas do polo indústria de Manaus recolhem, entre Taxas da Suframa, P&D e Fundos Estaduais Mais de R$ 2 bilhões/ano. “Com a metade dessa receita, qualquer país sério teria feito uma revolução tecnológica. ”
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected] |
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