“Os recursos estão aqui, apesar de tanto confisco, e para consolidar novas matrizes de revitalização da economia não precisamos ir de pires na mão a Brasília”, disse ao ministro Armando Monteiro o presidente do CIEAM, Wilson Périco, na última reunião do CAS (Conselho de Administração da Suframa), que completa 49 anos neste dia 28. Nos últimos seis anos, foram recolhidos aos cofres do governo federal, de TSA, Taxa de Serviços Administrativos – Suframa, aproximadamente R$ 2,5 bilhões. A ilegalidade da cobrança e, pior ainda, do confisco que detém recurso, reduziu drasticamente as ações de desenvolvimento e de diversificação econômica na região, única forma de reduzir a renúncia fiscal. No âmbito estadual, as empresas recolheram R$ 6,8 bilhões para FTI – Fundo de Turismo e Interiorização do, Desenvolvimento, destinado a criar oportunidades econômicas a partir das opções de atração de interesse turístico regional, Fundo UEA, e FMPES, para estimular micro e pequenas empresas. E no âmbito municipal foram, recolhidos, à parte Alvará e IPTU, R$ 3,2 bilhões do Polo Industrial de Manaus, onde, vale lembrar, taxas e fundos a parte, a União recolhe no Amazonas 50% dos impostos federais da Região Norte. Isso quer dizer, entre outras ilações, que este modelo é um acúmulo de acertos e de irradiação de oportunidades, embora a própria sociedade beneficiada, local e nacional, desconheça e, certamente por isso, não o defenda com a coerente veemência. E mais: seu papel de expansão nas suas potenciais matrizes econômicas, propiciado pela indústria instalada, não implica na remoção adicional de um hectare da cobertura vegetal. De acordo com Muni Lourenço, presidente da Federação da Agricultura do Estado do Amazonas, “…podemos desenvolver as novas matrizes econômicas e ambientais desenhadas pelo governo do Estado, mantendo a floresta nos patamares atuais de seus estoques naturais”.
Os próximos 50 anos
O dirigente da Embrapa Amazônia Ocidental, Marcelo Rossi é uma presença constante, disponível e angular no desenho deste novo cenário de economia inserida no bioma florestal amazônico. Reconhecida mundialmente por sua contribuição extraordinária no enfrentamento de um dos mais delicados e essenciais desafios da humanidade, a segurança alimentar, a Embrapa está aqui, com reputação de uma empresa como instituição geradora de conhecimento e inovação no Amazonas, onde está a quase 50 anos. Suas linhas de pesquisa e desenvolvimento na Amazônia Ocidental são: óleo de palma, guaraná, seringueira, banana, manejos florestais e silvicultura, cupuaçu, mandioca, aquicultura, sistemas agroflorestais, fruticultura, integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), plantas medicinais, grãos e olericultura e fibras vegetais. O badalado é desejável imperativo da Biotecnologia já existe, funciona e gera benefícios há muito tempo na Embrapa, bem ali, no quilômetro 29 da Rodovia AM 10 – Manaus Itacoatiara. Desde os anos 90, a empresa faz para Biotecnologia de controle de pragas e doenças, propagação de espécies, e melhoramento genético. Para qualificar pessoa que possam levar adiante o cerne da proposta que será apresentado e debatida na próxima semana, buscando desenvolver novas matrizes econômicas e ambientais. São necessários, no mínimo, 15 anos de investimento em capital humano. Essas pessoas já existem e estão trabalhando dentro da Embrapa.
Economia, ecologia e biotecnologia
O Amazonas já pode anunciar algumas linhas de ação estratégica de produção sustentável que integre atividades agrícolas, pecuárias e florestais, com base tecnológica, com inovação em biotecnologia a partir da disseminação dos testados e aprovados sistemas agroflorestais. Um deles, pecuária, lavoura e floresta, realizando na mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotação, e busca efeitos sinérgicos entre os componentes do agro-ecossistema, contemplam, por extensão, a adequação ambiental, a valorização do homem e a viabilidade econômica da atividade agropecuária. O objetivo deste sistema é a intensificação do uso da terra, fundamenta-se na integração espacial e temporal dos componentes do sistema produtivo, para atingir patamares cada vez mais elevados de qualidade do produto, qualidade ambiental e competitividade. Os índices de resultados deste sistema agroflorestal, em áreas antropizadas do Centro-Oeste, são positivamente assustadores, com taxas de 90% de aproveitamento dos resultados estimados. O governo do Amazonas promoveu um levantamento preliminar das áreas degradadas, ou antropizadas, por uso apressado ou mal planejado, para seu programa de diversificação da economia e consignar respostas rápidas de arrecadação. Um dos primeiros resultados aponta para 1% de área disponível para trabalhar. De 1.577.820,2 km² de área absoluta, portanto, existem 15.778,2 km², sem qualquer risco para a maior floresta equatorial do planeta. Essa área, suficiente para produzir proteínas para o Brasil e para o Continente, consorciada com o aproveitamento de sua bacia hidrográfica, com 6.217.220 Km² de espelho d’Água, o substrato das fazendas aquáticas, fábrica de deliciosa economia pesqueira. Ordenar a economia pesqueira, e aproveitar 45% dos resíduos que hoje é desperdiçado, assim como o desafio de promover a piscicultura em alta escala, supõe a adesão do investimento em Biotecnologia, resgatar e recompor o CBA, fazer com o INPA a transformação de seus inventários em oportunidades de mercado para impulsionar a economia cabocla. Sem Biotecnologia, resta ao país a ausência nos negócios dos defensivos agrícolas, com passe livre para os pesticidas importados contaminarem livremente a genética humana, o solo e a água. Para quem tem 20% do banco genético como o Brasil tem na Amazônia, Biotecnologia é o caminho e a promessa de que as Novas Matrizes Econômicas, propostas por esta entidade Cieam e assumidas pela governança estadual representam a transformação do limão da adversidade numa limonada de oportunidades para o Amazonas e nossa gente.
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]
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