O Amazonas, através da UEA, a maior Universidade multicampi do Brasil, se integra aos festejos dos 70 anos da FEAUSP, a Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, com a celebração do DINTER UEA/USP, um projeto interinstitucional de qualificação docente em nível de doutoramento, para credenciar gestores num momento em que a ONU reconhece na biodiversidade, a economia e a respectiva governança necessárias à quarta revolução industrial. A recomendação se deu na conferência ambiental da ONU, encerrada no sábado, em Cancún, no México. A medida reafirma a percepção de que conservar a biodiversidade supõe atribuir-lhe uma função econômica, como se faz historicamente com agricultura, pesca, florestas e turismo.
Trata-se de mais um passo no enfrentamento deste desafio de mobilizar olhares da Amazônia e sobre a Amazônia para pensar o Brasil de outro jeito, formular parâmetros de governança qualificada que aproveitem experiências, saberes e fazeres de integração entre academia, economia e brasilidade num novo patamar: a construção do futuro, integrado, sustentável, amazônico, nacional, continental, na interação com este planeta, conturbado e depredado, atrás de novas saídas.
Vale lembrar que esta é mais uma etapa da reunião histórica, que encerrou a Mostra Pioneiros e Empreendedores do Brasil, realizada em agosto de 2013, sob a batuta de Jaques Marcovitch, que permitiu o resgate dos pioneiros da floresta, Samuel Benchimol à frente, e que recomendou o caminho da inovação, parceria e sustentabilidade como o melhor paradigma de gestão da Amazônia, da consolidação da ZFM, e da formatação das novas modulações econômicas: o destino em nossas mãos.
Temas emergem em profissão, como os serviços ambientais do polo industrial, que emprega, gera renda, oportunidades e qualificação académica, superando o modelo predatório desta civilização, e apostando em inovação, como novas soluções para velhos problemas associados a empreendedorismo, dentro dos compromissos de Sustentabilidade ambiental, na perspectiva da Cooperação internacional, no âmbito prioritário da Amazônia que atravessa fronteiras, focando no significado e nas oportunidades das Unidades de conservação, mais de 30% do território estadual. O DINTER será mais do que um doutoramento institucional. Seus pressupostos e visão de governança vão priorizar e se configurar numa Plataforma de sinergias, preferencialmente no espaço de inovação da EST, Escola Superior de Tecnologia, sinalizando um momento plural, interdisciplinar, digital e universal, e de integração, olhando a preparação do futuro de um Brasil que vai completar 200 anos em 2022. Nesse contexto, além de tema, problema, e metas de solução, o Acordo do Clima será a demonstração de que todos apostam num novo paradigma de desenvolvimento a partir da floresta, de sua integração e reconciliação entre Homem e Natureza. As dissertações serão compartilhadas entre docentes e doutorandos, destes com seus alunos e colegas, e todos, na multiplicação de redes e pontes, com um novo modelo de sociedade, mercado e sustentabilidade. Poucas ações são tão importantes neste momento de gestão do futuro como tematizar a esfinge amazônica, carente de debate emergencial e muita investigação interdisciplinar – a condição primeira de sua gestão e integração à brasilidade.
Parece publicidade, mas o Brasil se comprometeu, na Cúpula do Clima de Paris, a reflorestar 12 milhões de hectares de florestas até 2030. Na pratica, este é aproximadamente o tamanho da Inglaterra, e em termos de volume, para plantar tantas árvores, são necessárias 8 bilhões de mudas. Bravatas climáticas à parte, o Amazonas, que conserva mais de 150 milhões de hectares intactos, tem tecnologia de propagação para múltiplas espécies de valor comercial. O pulo do gato não se esgota em plantar. O verbo é manejar a biodiversidade, mobilizando parcerias acadêmicas, formulando novos padrões de governança na conservação da biodiversidade como premissas de prosperidade para a região e para o Brasil. Mãos à obra!
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