Samuel Benchimol, Petrônio Pinheiro, Antônio Simões, Isaac Benayon Sabbá, Moysés Israel, Mário Guerreiro, entre outros heróis da resistência, que fizeram da quebra no I e II Ciclo da Borracha, as oportunidades da transformação, estão em São Paulo, no seminário e lançamento do livro sob o título “O Brasil Reencontra os Pioneiros: Textos e Contextos Regionais”, publicado pela Edusp, com texto do filósofo e consultor do CIEAM, Alfredo Lopes. Omnia vincit labor, O trabalho vence tudo, esta é a grande lição. A contribuição de empreendedores pioneiros ao desenvolvimento do Brasil e a Construção do Século XXI, vem dos estados do Ceará, Pernambuco e Amazonas, o tema de seminário acadêmico no Museu da Imigração da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, neste dia 15 de março. Durante o evento foi lançado o livro O Brasil Reencontra os Pioneiros: Textos e Contextos Regionais, publicado pela Edusp e organizado pelos professores Jacques Marcovitch e Maria Cristina Oliveira Bruno, ambos da Universidade de São Paulo, que também são autores de ensaios da obra. O evento teve ainda palestras dos professores Gleudson Passos (Ceará), Alfredo MR Lopes (Amazônia) e George F. Cabral de Souza (Pernambuco), autores de ensaios que, segundo Marcovitch, “oferecem leituras do pioneirismo em diferentes contextos regionais políticos e econômicos”. O seminário contou com a presença do secretário da Cultura do Estado de São Paulo, Marcelo Mattos Araújo; do secretário da Educação do Estado de São Paulo, José Renato Nalini; do vice-reitor da Universidade de São Paulo, Vahan Agopyan; do diretor da FEAUSP, Adalberto Américo Fischmann; e do presidente do Conselho de Administração do Instituto de Preservação e Difusão da História do Café e da Imigração, Roberto Penteado de Camargo Ticoulat.
De volta à floresta
Na obra, “O Brasil Reencontra os Pioneiros: Textos e Contextos Regionais”, Lopes aponta as lições obtidas com o ciclo da borracha e sugere o aproveitamento das vocações naturais da região. Uma proposta para que a Amazônia encontre o caminho do equilíbrio entre a preservação ambiental e o uso dos recursos naturais, por meio das lições obtidas com o Ciclo da Borracha. Nas lições do Ciclo da Borracha, o consultor do CIEAM (Centro da Indústria do Estado do Amazonas) faz constar em “O Brasil Reencontra os Pioneiros: Textos e Contextos Regionais”, a necessidade da Biotecnologia, como ferramenta de aproveitamento inteligente das oportunidades da floresta que ampliam os acertos do polo industrial de Manaus e do modelo Zona Franca. A obra aborda as principais bandeiras da entidade, o Centro da Indústria, como o combate à burocracia, a falta de projetos do governo federal que integre o modelo ZFM no sumário de uma política industrial, ambiental e de Ciência, Tecnologia e Inovação o que permitiria o aproveitamento das vocações e oportunidades da Amazônia. O mote destas bandeiras visa impulsionar o crescimento da região pelo aproveitamento econômico de recursos nas áreas de mineração, biotecnologia, fitoterapia, cosmética, nutracêutica, piscicultura, entre outras. O livro reúne textos de diversos autores, que mostram a saga do desenvolvimento do Brasil. Com base em lições do passado, eles estimulam o debate sobre os enfrentamentos econômicos e sociais, do Amazonas, Ceará e Pernambuco.
Pioneirismo, valor e paradigma
O seminário procurou conceituar o pioneirismo como um valor para a sociedade contemporânea e deve contribuir também para a formação agentes multiplicadores do conhecimento sobre os pioneiros. Foi um preparo para a próxima exposição sobre as trajetórias de duas dezenas de empreendedores estudados, programada para o ano de 2017, no Museu da Imigração, do qual o consultor do CIEAM, Alfredo Lopes, será um dos organizadores, para seguir divulgando os interesses do Amazonas e ampliando as parcerias regionais. Tal como aconteceu em Fortaleza, Recife e Manaus, a Exposição Itinerante mostrará em São Paulo “vasta documentação, objetos, fotografias e modernos recursos visuais focando a evolução da economia brasileira ao longo dos séculos, com ênfase no papel exercido por seus atores mais notáveis”. E quais são os antecedentes históricos que determinaram o contexto da Amazônia no qual foram forjados os pioneiros empreendedores estudados senão os desafios de uma catástrofe econômica com a queda do Ciclo da Borracha. E foram estes pioneiros empreendedores que apostaram nas fibras vegetais, na economia da castanha, do curtume de peles e couros de animais, beneficiamento de madeira, essências, cosméticos, resinas, fitoterápicos que permitiram recursos para implantar em plena floresta uma refinaria de petróleo. Estes são alguns destaques das suas trajetórias o que os levou a conquistar uma segunda vida na memória coletiva. E qual é o legado deixado por estes pioneiros/empreendedores que pode ajudar a encontrar saídas senão voltar para a floresta, compartilhar desafios, as adversidades a serem enfrentadas e conquistar uma nova economia, coerente e complementar com a vocação de negócios e bionegócios com racionalidade e sustentabilidade.
Empreendedorismo na Amazônia
No desfecho dos debates, o empreendedor paulista, Sérgio Vergueiro, presente no Amazonas há 50 anos, falou de educação, humildade e recuperação das florestas dos valores, do respeito ao próximo, do cultivo a solidariedade, a parceria de empreendimentos, criatividade, o conhecimento das oportunidades, para sair da crise. “A crise política é também a crise da educação e pode ser enfrentada na junção entre academia e economia, entre a experiência dos mais velhos e a determinação de fazer acontecer dos mais jovens. Cabe lembrar que em 1966, depois de ser convidada pelo governador Danilo Areosa(1967-1971) para desenvolver projetos agropecuários no Amazonas, no bojo do embrionário programa do Distrito Agropecuário do modelo Zona Franca de Manaus, a família Vergueiro – remanescente do senador Vergueiro, um português de Trás-os-Montes, que se abrasileirou na construção do império português nos trópicos – devolveu o convite e, em vez de pastagens predatórias, a construção, na Fazenda Agropecuária Aruanã, em Itacoatiara, de um novo caminho para a economia do Amazonas, a transformação de áreas degradadas em projeto de recomposição florestal com espécies de alto valor agregado: Sergio Vergueiro plantou 1,5 milhão de castanheiras e 800 mil pupunheiras, com todo o acervo de oportunidades que isso representa. Em 2015, quando a pesquisadora Bárbara Cardoso, ganhadora do prêmio Jovem Cientista, do Conselho Nacional de Pesquisa, CNPQ, orientada por Silvia Cozzolino, farmacêutica e nutróloga, da USP, demonstrou a relação entre o consumo diário de castanha do Brasil, do Pará, ou da Amazônia, e a redução de déficits cognitivos, entre eles o Mal de Alzheimer, castanha da pesquisa era da Agropecuária Aruanã, de Itacoatiara, no Amazonas, que adota tecnologia de desidratação e controle recomendada pelos padrões internacionais de segurança alimentar. Só isso justificaria tudo! O projeto, de acordo com seu idealizador, Sérgio Vergueiro, tem sido acompanhado desde sua origem, há quase 4 décadas, pela Embrapa-Amazônia, desde quando se chamava Instituto Agronômico do Norte, na figura de Carlos Hans Muller, além do Inpa e ESALQ/USP”, a lendária Escola Superior de Agricultura, onde Vergueiro se formou agrônomo. O depoimento de pioneirismo de Sergio Vergueiro mostrou aos participantes do Seminário uma oportunidade efetiva de empreender na crise e respostas para a economia regional amazônica.
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]
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