Esta expressão, que traduz a expectativa dos brasileiros em geral e dos brasileiros aqui da Amazônia em particular, tem sido usada como contraponto de sujeira, institucionalizada em alguns setores da gestão pública, que está na raiz de alguns graves problemas do cotidiano, como o desemprego, a inflação e a falta de perspectiva generalizada. Entretanto, a origem da expressão se dá em ambiente educacional e escolar, onde, os alunos mais atentos e empenhados, tratam de dar a suas anotações uma apresentação mais organizada e limpa de anotações apressadas ou eventualmente equivocadas na avaliação final de cada lição ou exercício de classe. Nesse cenário, passar a limpo significa voltar ao script original do plano de aula, exposição, debates e esclarecimentos. Tudo o que precisamos fazer se meditarmos sobre as lições destes 49 anos do modelo ZFM, sobretudo ponderando as reflexões do último debate, em que os diversos atores locais debateram com os críticos do modelo ZFM. Passar a limpo a ZFM não significa contrapor-se aos erros ou imprecisões do passado, mas sobretudo reorganizar cada item de todas as lições e preparar o caderno para escrever uma nova história. Por isso, chamar os críticos para o debate, para que exercitemos a audição crítica e nos organizemos para relatar o dever de casa, significa vontade de avançar, se integrar, diversificar e tornar cada dia mais transparente e mais limpa as lições e conquistas deste desafio de empreender na direção da prosperidade geral.
Resguardo institucional
No apagar das luzes de 2015, quando por aqui passou, dando, enfim, o ar de sua graça, o ministro Armando Monteiro disse que, em seus planos, estava “Qualificar a Suframa como agência executiva, através de Contrato de gestão que permita iniciar um ciclo de planejamento estratégico, com definição de indicadores, metas e métricas, e a inserção da ZFM no Plano Nacional de Exportação, criando, a partir disso, um comitê gestor, com os atores envolvidos”. Esta promessa, é bem verdade, a trancos e barrancos, que as dificuldades políticas e materiais tem interposto, estão caminhando sob a batuta de Rebecca Garcia na Suframa. A exoneração de Gustavo Igrejas destoa dos avanços, posto que se trata de uma referência de compromisso, competência e articulação entre a autarquia e o setor produtivo, de quem tem incondicional apoio. São medidas tomadas à revelia de quem deveria ser ouvido, pois as iniciativas e articulações da autarquia existem para fazer o modelo ZFM fluir de acordo com suas bases empresariais, de onde a sociedade extrai e usufrui seus benefícios e sustento. O poder público não pode ser uma estruturação isolada em si mesma sob o risco de desatender as razões de suas atribuições e existência. Na semana passada, o presidente do Conselho do CIEAM, Maurício Loureiro, durante o debate sobre a “ZFM, acertos, entraves e oportunidades”, destacou a estranheza da desarticulação entre planos, ações e parcerias do Estado e da Suframa, cobrando mais integração entre ambos. Trabalhar em unidade e contínua integração, tem sido a expectativa de todos os atores sociais. E iremos continuar aplaudindo se este compromisso for respeitado nas negociações e arranjos políticos institucionais e nas intromissões do Planalto Central na planície florestal.
Novos avanços
Quanto ao CBA, Centro de Biotecnologia da Amazônia, fica valendo a mesma inquietação, na medida em que as novas medidas de definição do modelo de gestão precisam considerar as demandas, planos e necessidades do Estado, seriamente atingido pelas atrapalhadas federais que provocaram desemprego e desindustrialização do modelo, com prejuízos e quebras em torno de 50% de estragos. Quando o ministro anunciou a revisão do Conselho Curador da instituição, o repasse de recursos e a publicação de novo edital para dar sequência ao projeto desenhado entre INMETRO, SUFRAMA e MCTI, faltou destacar a urgente integração com o Estado, cujos projetos de novas modelagens econômicas implicam na mobilização de todos os atores na busca de novos negócios. Vai demorar muito o prazo de dois anos para publicar a definição do modelo de gestão. Nesse contexto, vale ressaltar a escolha do pesquisador do INPA, Adrian Pohlit, um especialista dos mais respeitados na indústria química, bioquímica e biomolecular para transformar em oportunidades o cardápio de inventários e de soluções de negócios para uma nova economia amazônica, sustentável, coerente, atenta a diversificação e interiorização de benefícios. São décadas de laboratório com perspectiva de saúde, nutrição, dermocosmética e nutracêuticos da floresta com potencial de mercado. Só falta darmo-nos as mãos em ação colaborativa e focada no interesse regional. Cabe lembrar que foi publicado o Edital com 11 noves projetos colhidos junto a indústria, visando aproximar o CBA das expectativas históricas.
Recado direto
Neste contexto, vale resgatar o pronunciamento do presidente do CIEAM, Wilson Périco, por ocasião da vinda do ministro Armando Monteiro, uma manifestação objetiva e elucidativa neste mister de passar a limpo essa História com maiúsculas do modelo ZFM, bem a propósito do debate com Zeina Latif e Marcos Lisboa, que nos cobraram uma prestação nacional dos feitos com a renúncia fiscal: “A ZFM não é peso, ou problema para o Brasil, mas sim um de seus melhores acertos, devolvendo ao país três vezes mais recursos que recebe nas transferências constitucionais.” Sublinhou, a propósito, o descaso do Brasil com a região e a desinformação prejudicial que parte da mídia seguirá insistindo em manter em seus comentários equivocados sobre o modelo. Em seu pronunciamento, Wilson deixou claro a premissa fundamental desta Entidade: a ÉTICA, valor sagrado no trato com a administração pública e na interação com o tecido social, que se consubstancia na TRANSPARÊNCIA de conduta e de informação, o terreno sólido para as relações sociais e institucionais. “Para onde vamos, com um cenário adverso, desemprego em alta e indefinição constitucional.” Na reunião com os economistas, Wilson Périco fez questão de reafirmar a continuidade das bandeiras, compromissos e escolhas do CIEAM. “O objetivo final é a consolidação, recuperação, diversificação e regionalização do modelo ZFM, o jeito mais coerente de assegurar a MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA DA POPULAÇÃO.
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]
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