Enquanto as críticas cosméticas sobre os riscos de extinção da Ciência, Tecnologia e da Inovação no Estado se desmobilizaram em lamúrias estéreis é hora voltar à argila da construção e retomar, a propósito, o estudo de viabilidade do Parque Tecnológico de Produtos Naturais para o Polo Industrial de Manaus. As razões são as mais prosaicas e remetem à obviedade de mobilizar atores e propostas que promovam a sinergia dos objetivos comuns dessa aproximação fecunda entre a academia e a economia. Constituída sob a batuta da UEA, e mediada pela dinâmica animação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas, a iniciativa já consolidou intuições clássicas, todas amparadas numa certeza: em lugar de chorar pitangas, vamos fabricar lenços com suas fibras.
O que compete ao Planejamento do Estado neste momento – em que a obviedade da inovação tecnológica emerge como uma concordância absoluta e impostergável – senão promover, num formato de interatividade holística, a junção de atores públicos e privados que digam o que estão produzindo, demandando e podem integrar para racionalizar custos, adensar resultados e fazer circular os benefícios de C&T&I? É claro que isso remete à liderança acadêmica organizada e arrojada, a proatividade das entidades de classe, o respaldo político para viabilizar as mudanças e a mobilização geral na direção de configurar a cadeia do conhecimento com as cadeias produtivas na perspectiva do mercado, única forma de conquistar efetivo crescimento econômico e promover a interiorização do desenvolvimento.
Eis, pois, as premissas da aproximação institucional de UEA/FAPEAM/CIEAM e FIEAM, universidade e chão de fábrica, implantada formalmente em dezembro último, com colaboração especial da Universidade de São Paulo, o companheiro Jacques Marcovitch, cuja visão de pioneirismo brasileiro trouxe para o Amazonas um convite para reflexão sobre nossos pioneiros, suas contribuições e lições da viabilidade de nossas utopias. O mote é contundente e intransferível: mobilizar as ações em curso e aquelas que ficaram pelo caminho por falta de apoio, profissionalismo, ou visão de mercado. É curioso, oportuno e necessário recordar, por exemplo, para refletir e adaptar a correlação entre academia e economia na perspectiva do projeto indiano, um dos Brics que olhou para Ciências da Computação, Bioengenharia e Engenharia Digital, inseridas na perspectiva da inovação. Com apenas cinco anos de incentivos fiscais e um modelo tecnológico bem delineado, eles atraíram investidores e financiaram a estrutura de pesquisa. Com o Instituto Indiano de Ciências, o de Bioinformática e Biotecnologia Aplicada e o de Tecnologia da Informação, três mil laboratórios de pesquisa produzem soluções digitais e produtos da bioindústria para o planeta.
São quase 50 anos de incentivos fiscais do modelo ZFM. É bem verdade que neste período, apesar de discretos indicadores, o Amazonas saiu na frente no desafio de agregação tecnológica à indústria de transformação e se destaca nos primeiros lugares no ranking nacional de investimentos em inovação tecnológica, notadamente no quesito microeletrônica. É preciso, agora, determinar essa etapa específica e coerente do desenvolvimento cientifico e tecnológico e então disponibilizar um cardápio de serviços para investidores e parceiros da indústria do conhecimento. Aqui, porém, não importa copiar ou vetar este ou aquele modelo global, adaptar ou transplantar suas premissas. Interessa afirmar apenas e tão somente antes de seguir em frente: que caminho queremos?
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