A recomendação dos estrategistas de que não se pode dispensar uma crise está sendo levada ao pé da letra e da criatividade pela Afeam (Agência de Fomento do Estado do Amazonas). Seu portfólio de serviços no desafio de interiorizar o desenvolvimento têm sido o melhor destino para os recursos do FMPES, o Fundo que as empresas do polo industrial de Manaus recolhem para as pequenas e médias empresas do interior. E este trabalho – que mobiliza menos de 10% do que a indústria recolhe para interiorizar o desenvolvimento – chamou a atenção de investidores internacionais. “A parceria com o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento – que já têm garantias de fomento para as cadeias produtivas rurais do Amazonas – busca incentivar o empreendedorismo”, diz Evandor Geber, diretor-presidente da Afeam, que celebrou 16 anos nesta quarta-feira. Celebrar o empreendedorismo, fica provado, é melhor que promover o assistencialismo. A ideia de sua criação remete ao incentivo de ações de desenvolvimento, e visa criar saídas coerentes com as vocações de negócios do interior. “Estamos conectados com as ações do governo José Melo para incentivar as matrizes de uma nova economia, com respeito ao homem em seu habitat e foi o conjunto dessas atividades não-predatórias que atraíram a atenção do BID”, insiste Evandor, ao destacar que os critérios para a elegibilidade do fomento já conseguiram mudar o objeto de produtores de carvão de Presidente Figueiredo, no interior do Estado. “Agora eles plantam bananas de primeira qualidade, tem lucratividade melhor e receberam parabéns dos técnicos vindos de Washington”. Criada em setembro de 1999, a Afeam é uma instituição financeira não bancária, subordinada à fiscalização e à supervisão do Banco Central do Brasil, e tem como acionista controlador o Estado do Amazonas. “Temos orgulho de bater todos os recordes de distribuição de crédito para homens e mulheres no interior, ensinando a pescar e a vender o próprio peixe”.
Novas matrizes econômicas
De acordo com o presidente do Cieam, Wilson Périco, o maior desafio social do modelo ZFM é contribuir para interiorizar o desenvolvimento econômico do Amazonas, apostando, com recursos de inovação tecnológica, em novas matrizes econômicas. E é isto que a Afeam está realizando com operações de crédito direcionadas, prioritariamente, para os pequenos negócios. Em outras palavras, a indústria está financiando o cultivo de guaraná, mandioca, banana, açaí, e todos os negócios que possam melhorar o padrão de vida e a criação de novos empreendimentos no interior. No momento da sua implantação, a Afeam absorveu a carteira de crédito agrícola do antigo Banco do Estado do Amazonas (que foi sucessivamente federalizado e privatizado na última década do século passado), incorporando um quadro técnico experiente e qualificado e credenciando-se como um dos principais agentes de oferta de crédito ao setor produtivo do Amazonas. Hoje a Afeam é referência de acertos, de distribuição de oportunidades e fomento do empreendedorismo.
30 mil empregos
Evandor Geber fala com muita convicção de seu trabalho. “Nossos parceiros são o Idam– Instituto de Desenvolvimento do Amazonas, o Sebrae- Serviço de Apoio à Pequena e Média Empresa, entre outras agências, instituições e entidades, de apoio técnico e extensão rural que possam qualificar os empreendedores sobretudo nas iniciativas de promoção do interior. “Depois de 16 anos de atividades, A Afeam sistematizou a experiência do microcrédito com a instalação do Banco do Povo, uma iniciativa que já distribuiu R$ 43,8 milhões e assegurou a criação e/ou manutenção de 27.900 postos de trabalho, respondendo, num momento crítico da economia, com ações positivas de combate ao desemprego e geração de novas matrizes econômicas. “Vamos chegar a 30 mil empregos até dezembro.”
Sepror/Afeam
Desde a primeira hora, na gestão Sidney Leite à frente da Secretaria de Produção Rural, a Afeamprocurou identificar as ações prioritárias para a produção de alimentos, o grande gargalo da economia regional que importa quase tudo que vai para a mesa das famílias. “Com a Sepror estamos definindo as prioridades da produção de alimentos, os produtores mais qualificados e os índices de retorno em termos de produtividade, qualidade, mercado e fortalecimento das associações e cooperativas de produtores. A Afeam sabe fomentar, a Sepror gerencia as políticas públicas adequadas, o Estado deixa de evadir riqueza e a população tem alimento de melhor qualidade e baixo custo”, diz Evandor Geber, presidente da Agência, lembrando que foi o primeiro parceiro do Programa Safra, com R$ 15 milhões em convênios para mecanização da agricultura. Na mesma lógica da produção de alimentos, a Afeam compareceu como financiadora do programa de pesca e beneficiamento do piracururu, com R$ 3 milhões para as comunidades das Reservas Extrativas – Resex.
Guaraná orgânico
“Continuamos a apoiar a agricultura de subsistência, esclarece o presidente da Afeam, Evandor Geber, sublinhando que é necessário fortalecer os elos da cadeia produtiva, direcionando as linhas de crédito e financiamento para empreendimentos potencialmente promissores, que apontem para a geração de trabalho e renda nos municípios do interior e para a conquista de mercados”. Entre esses empreendimentos, Evandor destaca o guaraná orgânico de Urucará, no interior do Amazonas. Recentemente, os produtores rurais membros da Agrofrut – Cooperativa Agrofrutífera de Urucará, no Amazonas, renovaram as certificações de qualidade e procedência que credenciam o guaraná produzido pela Cooperativa para o mercado interno e externo. E após duas inspeções de organismos certificadores, a Agrofrut manteve a Certificação Orgânica e o Selo Comércio Justo, obtidos desde 2007. Com mais de 100 cooperados, a Agrofrut produz aproximadamente 42 toneladas por ano de guaraná in natura certificado e, desde a certificação em Comércio Justo, tem nos Estados Unidos e França seus principais mercados no exterior.
Distribuição de oportunidades
Entre 2012 e 2014, a Afeam enfrentou momentos muito difíceis, de crise, felizmente já superados, revela Evandor, enfatizando: “Em 2015, fechamos o 1º semestre com R$ 9 milhões de resultado líquido, já investimos mais de R$ 70 milhões em financiamento e continuamos com dinheiro em caixa. Estamos conseguindo levar à prática as diretrizes do governador José Melo: promover a dinamização da economia com distribuição de renda nos municípios do interior, buscando uma nova matriz econômica, além da Zona Franca, fundamentada nas atividades agropecuárias e de extrativismo vegetal não madeireireiro”. Evandor Geber destaca o significado econômico-social do Programa de Crédito Afeam Banco do Povo, que está sendo implementado com recursos do FMPES – Fundo de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e ao Desenvolvimento Social do Estado do Amazonas, repasses pela indústria do Polo Industrial de Manaus, em 2015, totalizam R$ 74 milhões. “Estamos concedendo financiamento com juros subsidiados de 3% ao ano, àqueles que querem iniciar ou expandir o seu negócio, principalmente no interior do estado, e não têm acesso ao sistema financeiro tradicional”.
Balde cheio
Com apoio da Afeam, o Amazonas começou a participar do programa que tem sucesso garantido através de transferência de tecnologia: o balde cheio. De acordo com o presidente da Faea – Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas e pecuarista, Muni Lourenço, esse projeto já é um divisor de águas para a economia do setor primário, que ocorreu na bacia leiteira de Autazes e se espalha pelo Estado. “Antes do programa nós tínhamos uma tragédia anunciada como queda de produtividade, empobrecimento do solo com degradação das pastagens, o empobrecimento e desânimo dos pecuaristas. Hoje nós temos uma realidade totalmente diferente, são pessoas motivadas com um ano e meio de implantação do programa em Autazes. “Em parceria com o Sebrae, diz Evandor, o que vemos nas propriedades é a melhoria da rentabilidade e o aumento da produção do setor leiteiro, através de adoção de técnicas de manejo de pastagem e controle e gestão da propriedade.
O BID e os parceiros
O Prodesus – Programa de Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas, uma iniciativa da Afeam com o BID vai mobilizar todos os parceiros ligados a pesquisa e ao desenvolvimento de cadeias produtivas não-predatórias, entre os quais os tradicionais como Sepror, Idam, ADS, Sebrae, como Embrapa, UEA, Ufam, Inpa, Fucapi, OCB, e as entidades da agricultura e da Indústria, Faea, Cieam e Fieam. São iniciativas para criar resultados que possam ser sugeridos a outras regiões da Amazônia. Será executado pela AFEAM em articulação com a Seplan-CTI – Secretaria de Planejamento, Ciência, Tecnologia e Inovação e o Idam, envolvendo recursos do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, no valor de US$ 70 milhões, e contrapartida de US$ 14 milhões do Governo do Amazonas, com destinação prioritária às cadeias produtivas do setor primário. Os beneficiários do Prodesus são produtores rurais, cooperativas e associações, empreendedores individuais, micro e pequenas empresas integradas a cadeias produtivas prioritárias para o crescimento da economia estadual: açaí, abacaxi, banana, borracha, castanha, cacau, citrus, feijão de praia, fibras, guaraná, hortaliças, mamão, maracujá, pecuária de leite, pesca artesanal e piscicultura.
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected]
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