E continuam as contradições entre as promessas da Petrobras de liderar a transição energética e a descarbonização do país e seus planos e ações para explorar petróleo na margem equatorial – a começar com um poço na Bacia da Foz do Amazonas.
Apesar das críticas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e do IBAMA quanto à alta sensibilidade ambiental e à ausência de estudos aprofundados sobre os impactos da atividade petrolífera, a empresa mantém sua intenção de buscar combustíveis fósseis nessa região.
Os planos foram confirmados pela petroleira nessa segunda (24/4), em resposta a ofício do Ministério de Minas e Energia (MME), que solicitou informações para subsidiar a Casa Civil na elaboração do novo Programa de Aceleração do Crescimento.
Segundo a Petrobras, foram incluídos projetos que “porventura” tenham impacto de imagem, reputação e de visão de futuro, tais como projetos exploratórios da margem equatorial ou de biorrefino, relata o Finance News.
Assim, contrariando a promessa de Lula de reduzir as emissões de CO2 usando a Petrobras para investir em energia renovável, a estatal se movimenta para explorar petróleo na margem equatorial, faixa litorânea no Norte e Nordeste que inclui o maior sistema de recifes do Brasil e o maior complexo de mangues do mundo, explica o UOL.
“A exploração de petróleo nessa região é incompatível com o compromisso reiterado por Lula de investir em transição energética. Tem mais discurso do que ações”, avaliou Enrico Marone, porta-voz dos oceanos do Greenpeace Brasil, que financiou a principal expedição para pesquisas na área.
Enquanto insiste na exploração da margem equatorial, a Petrobras decidiu adiar a entrada em operação de três sistemas de produção nas bacias de Santos e Campos, regiões já exploradas pela companhia.
Os sistemas Búzios 7 e Integrado Parque das Baleias (IPB) passam de 2024 para 2025, enquanto Búzios 10 vai de 2026 para 2027, informam Valor, UOL e Terra. E no segmento de refino, a companhia anunciou a expansão da capacidade da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco, de 115 mil barris por dia (bpd) para 130 mil bpd, relatam O Globo e Estadão.
A pressão para o aumento da produção de combustíveis fósseis não parte apenas da Petrobras. O MME tem engrossado o coro nesse sentido, usando um argumento desenvolvimentista. Assim, o ministro Alexandre Silveira disse à CNNque o governo estuda aumentar a exigência de conteúdo local em novas frentes de exploração e produção de petróleo. Tenta, assim, captar a indústria de bens e serviços na defesa da ideia.
Em tempo: O escândalo das joias “presenteadas” ao inominável pela Arábia Saudita esconde mais (más) intenções do que se imagina. Segundo Jamil Chade, do UOL, e a Agência Pública, o governo brasileiro discutiu a produção da Petrobras e a entrada na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) com os árabes sob o pretexto de tratar de energias “limpas”.
É o que mostra documentos obtidos pelos veículos e fontes no Itamaraty. A viagem encabeçada pelo ex-ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, em outubro de 2021, tinha como justificativa o lançamento da “Iniciativa Arábia Saudita Verde”. Mas, nos bastidores, tratou-se da produção de petróleo e do lobby dos sauditas para reforçar o cartel da OPEP. Foi a segunda vez que o convite para o Brasil se juntar ao grupo foi feito diretamente ao primeiro escalão do governo do inominável.
Texto publicado em CLIMA INFO
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