A discussão é grande e, por vezes, confusa sobre a questão ambiental, sobre o conceito da sustentabilidade e de todas as polêmicas que envolvem a preservação de nosso habitat e ecossistemas. O fato é que precisamos repensar o modo como usamos – e como poderíamos passar a usar com os avanços da tecnologia – nossos recursos naturais. Vamos nos perguntar, no caso da geração e uso da energia – para dar um exemplo – quais são os pontos basilares que nos autorizam a cotejar alternativas energéticas e parâmetros de sustentabilidade a partir da inovação digital.
Uma importante empresa multinacional de materiais eletroeletrônicos e eletromecânicos desenvolveu um relatório, a partir de importantes estudos de casos (em 41 países) envolvendo diversos segmentos, nos quais se destacam resultados exponenciais na economia de energia a partir da transformação digital. Os referidos estudos descrevem e discutem resultados nos prédios/plantas, data centers, indústria e desempenho da infraestrutura competitiva.
Os casos apontam para a possibilidade real de economiade energia da ordem de 64 petawatt / hora até 2040, o que significa, em termos referenciais, o equivalente a toda a energia que os países da OCDE, incluindo China e Índia, consumiram no ano de 2015, a partir de tecnologias que subsidiam a transformação digital (DT). Os estudos apontam 12 benefícios gerados pela transformação digital, onde a DT alcança aspectos relacionados aos investimentos (capital expenditure), gastos operacionais (operational expenditure), e principalmente aspectos da sustentabilidade, velocidade e performance.
A transformação digital e suas tecnologias convergentes estão mudando o modo de conexão das empresas com seus clientes, e como elas lhes oferecem ganhos de valor e de desempenho com a forma que elas inovam. No passado recente, testar novas ideias era caro, complexo e com um longo tempo de maturação. Hoje a construção de protótipos é barata e o teste de ideias é rápido. Para David Rogers – autor do best-seller “Transformação Digital: repensando o seu negócio para a Era Digital’ – de maneira geral, a DT passa por uma estratégia que alcança áreas ligadas aos clientes, a concorrência, dados, inovação e valor.
Segundo Rogers, que é consultor do Google, GE e Toyota, estamos caminhando para um mundo, de fronteiras setoriais inexistentes e fluidas, que deixam o ecossistema negocial mais complexo, mais dinâmico e cada vez mais interoperável, já que as empresas podem ter concorrentes assimétricos, ou seja, podem ser alheios ao setor que atuam, com uma “desintermediação digital” mudando as relações nas cadeias de fornecimento.
Inicialmente, podemos citar o caso de uma indústria de manufatura que economizou em 50% os valores previstos para investimentos. Em termos de produtividade, é como se fossem adicionado, dois dias extras na produção, um ganho substancial na capacidade produtiva com o mesmo custo fixo. A solução adotada aumenta a interoperabilidade e, por conseguinte, reduz as paradas de linha por meio de capacidade preditiva. E, adicionalmente, as novas tecnologias reduziram os custos com a infraestrutura existente, adicionando controles no uso de energia.
Exemplo emblemático é a plataforma de uma empresa, responsável pelo tratamento e distribuição de água na Holanda, onde as tecnologias atuaram para maximizar a operação, com uso de sensores, dentre outros dispositivos, possibilitando um melhor aproveitamento dos ativos, expresso no corte de 25% nos custos. Vale o registro que os novos sistemas aumentaram em 65% a velocidade da operação.
Os benefícios são exponenciais. As empresas conseguem, com projetos orientados para melhoria da performance energética, em média, 28%. E com as tecnologias baseadas em DT chega-se em 85%, se falarmos de custos de manutenção, tal otimização chega a 75%. Para maximizar esses ganhos, precisamos construir plataformas e não apenas produtos, inovar com experimentação rápida, desenvolver novos modelos de negócios – em rede – e que permitam a “coopetição”. Nesse contexto, quando as organizações buscam uma nova conexão com o mercado, e vamos lembrar fluido e sem fronteiras, uma ligação importante é a ambiental, e a DT pode orientá-los para um patamar muito reduzido de emissão de gases, com impacto na pegada energética de baixo carbono.
O autor Kumar Prashant, em sua obra “Digital Transformation – Industry 4.0 – Strategize your Digital Transformation Projects”, indica a transformação digital como um caminho de sobrevivência e melhoria dos processos da empresa. Para tanto o gestor necessita determinar as principais áreas do negócio e atuar em cada uma. Em um breve roteiro contempla: Identificação do core business, foco nos processos chaves do negócio, identificação das ferramentas e métodos, desenvolvimento do ambiente de parcerias e fazer evoluir a cultura organizacional. O mesmo autor aponta alguns fatores que corroboram para um exitoso processo de disrupção digital, envolvendo a tecnologia, clientes, ecossistema e inovação. É na questão da tecnologia que podemos visualizar alguns potenciais para a nossa região. É óbvio que precisamos de mais interação e de um novo ambiente inovativo.
No PIM, empresas buscam tecnologias que permeiam a DT, e que indiretamente buscam a melhoria da planta industrial. Um recente trabalho, ainda em desenvolvimento no polo eletroeletrônico, resultará em uma solução que vai permitir aos gestores uma importante simulação de suas operações logísticas. Tal tecnologia possibilitará a melhor relação entre a capacidade e os recursos fabris, ou seja, a possibilidade de economias, redução de custos e minimização de impactos no meio-ambiente.
O impacto na cadeia de geração de valor, com a implantação de tecnologias, a partir da transformação digital, é positivo e, provavelmente, possamos no futuro próximo reposicionar estrategicamente o PIM, com uma nova matriz de desenvolvimento, energética e tecnológica. A transformação digital é uma realidade, é necessária e urgente para que nossas pegadas não sejam similares às do Curupira.
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