Relatório do MapBiomas indica desmatamento do Cerrado superando a Amazônia pela primeira vez na história. Servidores ambientais anunciam greve no Dia Mundial do Meio Ambiente, buscando melhores condições de trabalho e reestruturação de carreiras. E outras informações sobre tema!
O desmatamento no Cerrado ultrapassou o da Amazônia pela primeira vez, conforme aponta RAD 2023, o novo relatório do MapBiomas divulgado recentemente. Este marco inédito evidencia a gravidade da situação enfrentada pelo bioma, que já sofre com a expansão agrícola e a pecuária. O Cerrado é crucial para a biodiversidade e para o regime hídrico do país, mas está perdendo vegetação em ritmo acelerado.
Enquanto a Amazônia continua sendo uma preocupação ambiental global, o Cerrado também requer atenção urgente devido à sua importância ecológica. Segundo especialistas, a destruição do bioma pode comprometer o abastecimento hídrico de importantes bacias hidrográficas brasileiras. Portanto, a atenção e os esforços para preservação devem ser igualmente direcionados a ambos os biomas.
Análise dos dados
O relatório do MapBiomas revelou dados alarmantes sobre o desmatamento no Cerrado, que pela primeira vez superou o da Amazônia. Em 2023, o Cerrado registrou uma área desmatada de 8.531 km², enquanto a Amazônia teve 7.532 km² desmatados. O bioma é crucial para a biodiversidade brasileira e o abastecimento hídrico de importantes bacias hidrográficas, tornando esses números especialmente preocupantes. A crescente expansão agrícola e a pecuária são os principais motores dessa devastação, exacerbando a perda de vegetação nativa e colocando em risco espécies endêmicas e recursos hídricos vitais.
“No Cerrado, as terras públicas representam um percentual bem menor. De florestas públicas não destinadas, estamos falando de 2 milhões de hectares. Grande parte do bioma é ocupado por imóveis rurais ou, pelo menos, há uma indicação disso, porque para parte deles só existe o registro do CAR (Cadastro Ambiental Rural)”, diz.
Ane Alencar, especialista do Ipam em entrevista ao portal da Coalização Brasil Clima, Florestas e Agricultura
Impactos ecológicos e econômicos
O desmatamento no Cerrado traz graves consequências ecológicas e econômicas. A perda de biodiversidade ameaça a sobrevivência de muitas espécies, além de comprometer serviços ecossistêmicos essenciais, como a regulação do ciclo da água e do clima. A degradação desse bioma também afeta a economia local, especialmente setores dependentes de recursos naturais, como a agricultura e o turismo ecológico. A longo prazo, a destruição contínua do Cerrado pode resultar em desequilíbrios climáticos e na redução da produtividade agrícola, impactando a segurança alimentar do Brasil.
Iniciativas governamentais
Em resposta ao aumento do desmatamento, o governo federal lançou no começo de meio o programa programa União com Municípios pela Redução do Desmatamento e Incêndios Florestais na Amazônia, visando combater a perde de cobertura vegetal e incêndios florestais na Amazônia. Este programa conta com um investimento total de R$ 730 milhões, dos quais R$ 600 milhões são provenientes do Fundo Amazônia.
A iniciativa busca fortalecer a cooperação entre governo federal, estados e municípios, melhorando a fiscalização e promovendo ações de prevenção e controle de desmatamento ilegal. Após a suspensão de políticas ambientais na gestão anterior, este programa representa um esforço renovado para proteger os biomas brasileiros.
Percepção internacional
A comunidade internacional tem observado de perto os esforços do governo Lula no combate ao desmatamento. Segundo uma pesquisa do Instituto Paraná, a percepção em Portugal é de que as medidas adotadas pelo Brasil são insuficientes, refletindo uma preocupação global com a preservação da Amazônia. A opinião pública na Europa varia, mas a pressão por políticas ambientais mais rigorosas é constante. A reputação do Brasil no cenário internacional depende significativamente de seus esforços para controlar o crime ambiental e preservar suas florestas.
Desafios e expectativas
A luta pela preservação dos biomas brasileiros continua a enfrentar desafios complexos. No entanto, os esforços do governo e de diversas organizações para mitigar os danos são fundamentais para a preservação ambiental a longo prazo. A implementação efetiva de políticas de proteção e a cooperação entre setores públicos e privados são essenciais para garantir que biomas como o Cerrado e a Amazônia não sofram danos irreversíveis.
Greve dos funcionários ambientais
Em meio às iniciativas de preservação, os funcionários das áreas ambientais do Governo Federal decidiram realizar uma paralisação geral no Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho. Liderados pela Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema Nacional), os servidores buscam a reestruturação de suas carreiras e melhorias nas condições de trabalho. A greve, que já havia afetado o licenciamento de grandes obras devido à suspensão de atividades de campo, reflete a insatisfação com o progresso das negociações com o governo.
Conforme destaca uma carta enviada por Cleberson Zavaski, presidente da Ascema, a falta de avanço nas negociações é entendida como um desinteresse do Governo Federal em atender às demandas dos trabalhadores da área ambiental. A paralisação é vista como uma medida necessária para pressionar o governo e garantir o reconhecimento e a valorização dos profissionais que desempenham um papel crucial na proteção dos recursos naturais do Brasil
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