Mudanças climáticas já custaram trilhões de dólares ao PIB mundial, e podem custar muito mais. Países em desenvolvimento estão sujeitos a impactos mais severos, conforme um novo relatório
As alterações do clima estão causando perdas significativas no Produto Interno Bruto (PIB) e na riqueza de capital em todo o mundo. Os países em desenvolvimento estão sofrendo mais com esses impactos, conforme destaca um novo estudo do Centro de Ciência e Política de Mudança Climática Gerard J. Mangone da Universidade de Delaware.
O documento intitulado “Loss and Damage Today: How climate change is impacting output and capital“ foi divulgado durante o início da COP28. Nessa conferência, espera-se a aprovação de um novo fundo da ONU destinado a ajudar países a se recuperarem dos prejuízos causados pelas mudanças climáticas, uma decisão que segue o acordado na COP27.
Desigualdade na distribuição dos impactos climáticos
O relatório revela que, em 2022, as mudanças climáticas resultaram em uma redução do PIB global ponderado pela população de 6,3%, enquanto a perda não ponderada do PIB foi de aproximadamente 1,8%, equivalente a cerca de US$ 1,5 trilhão. Essa discrepância indica uma distribuição desigual dos impactos, com países de baixa renda e regiões tropicais sendo os mais afetados.
Especificamente, os países menos desenvolvidos enfrentaram uma perda média do PIB ponderada pela população de 8,3%. Regiões como o Sudeste Asiático e a África Austral foram particularmente impactadas, com perdas médias de PIB de 14,1% e 11,2%, respectivamente.
James Rising, autor do estudo e Professor Assistente na Universidade de Delaware, ressalta que as mudanças climáticas tornaram o mundo trilhões de dólares mais pobre, com o ônus maior recaíndo sobre os países pobres. Ele enfatiza a importância de reconhecer os desafios enfrentados por muitos países e a necessidade urgente de apoio.
O estudo aponta que as mudanças climáticas estão exacerbando as desigualdades globais. Alguns países ricos estão registrando ganhos no PIB, principalmente devido à redução do frio no inverno, o que diminui o consumo de energia e as taxas de mortalidade. Contudo, os benefícios tendem a diminuir à medida que o planeta aquece, com os efeitos negativos dos verões mais quentes superando os benefícios de invernos mais amenos.
A análise se baseou em 58 modelos econômicos, utilizando aprendizado de máquina para gerar estimativas precisas das perdas atuais de PIB e riqueza de capital devido às mudanças climáticas. O relatório representa uma compilação de conhecimentos adquiridos na última década sobre os riscos macroeconômicos associados às mudanças climáticas.
O relatório oferece estimativas de impacto para grupos principais da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) e para partes interessadas como o Climate Vulnerable Forum.
Dinâmica entre Clima, Economia e Investimentos de capital
A análise evidencia a relação complexa entre mudanças climáticas, economia e investimentos de capital. Os países de baixa e média renda enfrentam perdas significativas de capital, o que desafia sua resiliência e crescimento econômico a longo prazo. Estes países sofreram perdas de capital produzido no valor de 2,1 trilhões de dólares devido às mudanças climáticas.
Desde a adoção da Convenção do Rio em 1992, os países de baixo e médio rendimento acumularam perdas totais de 21 trilhões de dólares. Exceto pela União Europeia, todos os grupos de países signatários da UNFCCC sofreram perdas, sendo as mais expressivas no G-77, no valor de 29 trilhões de dólares. As perdas são consideradas estimativas conservadoras, pois não incluem todos os canais de impacto e perdas não comerciais.
Para mais informações, o relatório completo está disponível para consulta.
Com informações do CicloVivo
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