A pujança do agronegócio brasileiro tem sido um ponto de destaque na economia do país, mas um novo estudo lançado pelo Observatório do Clima revela que essa prosperidade vem com um preço significativo para o meio ambiente.
De acordo com dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), em 2021, as cadeias produtivas do sistema alimentar foram responsáveis por nada menos que 73,7% das emissões brutas de Gases de Efeito Estufa (GEE) no Brasil.
Dos 2,4 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e) lançados na atmosfera pela economia brasileira no ano passado, cerca de 1,8 bilhão de tCO2e provieram da produção de alimentos no país. Surpreendentemente, a maior parcela desse montante (1,4 bilhão de tCO2e) está relacionada à produção de carne bovina. Essa indústria, se fosse um país independente, se classificaria como o 7º maior emissor de GEE do mundo, ultrapassando nações como o Japão.
A base de dados EDGAR-FOOD representa um marco para a compreensão de como os sistemas alimentares globais se desenvolveram. Foto: © FAO
As emissões originadas nos sistemas alimentares têm sua raiz principalmente no desmatamento, respondendo por mais da metade (56%) do total, o que corresponde a cerca de 1 bilhão de tCO2e. Em segundo lugar, a agropecuária representa 34% (600 milhões de tCO2e) das emissões, seguida pela energia, com 6% (100 milhões de tCO2e). O desmatamento, por si só, é responsável por 70,6% das emissões nas cadeias produtivas de carne bovina, seguido pelas emissões diretas do rebanho, com 29,9%.
Os resultados do estudo reforçam a importância de abordar as emissões associadas aos sistemas alimentares, um tema que tem recebido atenção crescente por parte da comunidade científica desde o relatório do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudança do Clima (IPCC) de 2019. Segundo essa análise, até 37% das emissões globais de GEE estão ligadas à produção de alimentos para consumo humano.
Esses números destacam a necessidade urgente de adotar práticas agrícolas mais sustentáveis, reduzir o desmatamento e repensar a maneira como produzimos e consumimos alimentos. Além disso, eles chamam a atenção para o papel fundamental do Brasil na mitigação das mudanças climáticas, dada sua influência significativa nas emissões globais de GEE.
A preservação ambiental e a produção de alimentos em escala devem coexistir harmoniosamente para garantir um futuro sustentável para o Brasil e o planeta como um todo.
*Com informações CLIMA INFO
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