Um ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul na semana passada resultou em uma tragédia com mais de 40 mortos e dezenas de desaparecidos. As autoridades agora estão sob escrutínio, com procuradores investigando possíveis omissões em medidas preventivas ao desastre.
O Ministério Público Federal (MPF) iniciou um inquérito civil para avaliar as ações tomadas pelo poder público em relação às enchentes que afetaram a região serrana e do Vale do Taquari. Até o momento, o desastre deixou um saldo de pelo menos 44 mortos, com 46 pessoas ainda desaparecidas.
O objetivo do inquérito, conforme o MPF, é “avaliar possíveis responsabilidades em relação às medidas que poderiam ter sido tomadas para mitigar e prevenir os efeitos adversos das inundações, bem como fornecer ações de comunicação e resposta para ajudar a população afetada.”
Inicialmente, o MPF concentrará sua análise na conduta e nas respostas das prefeituras e da Defesa Civil dos municípios de Bento Gonçalves, Caxias e Lajeado. Além disso, os procuradores solicitaram informações à Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado sobre o zoneamento ecológico e econômico e a possível criação de comissões de mudanças climáticas.
A resposta das autoridades estaduais ganhou destaque na mídia após o governador Eduardo Leite afirmar que os institutos de meteorologia não previram o volume histórico de chuva no estado. No entanto, a agência MetSul desmentiu essa alegação, destacando que os modelos meteorológicos já haviam antecipado a gravidade das chuvas.
A entrevista de Leite também gerou polêmica quando ele se envolveu em um confronto verbal com o jornalista André Trigueiro, que questionou as medidas de prevenção a desastres climáticos. O governador se irritou, mas o jornalista defendeu seu papel em fazer perguntas relevantes em situações críticas.
Não obstante, a falta de ação preventiva por parte das autoridades e a necessidade de desenvolver uma cultura de prevenção em face de eventos climáticos extremos são destacados como fatores cruciais. A Região Sul do Brasil, incluindo o Rio Grande do Sul, recebeu a maioria dos alertas de tempestades perigosas emitidos pelo governo federal nos últimos dez anos.
O impacto humano e econômico das chuvas extremas é significativo, com prejuízos estimados em R$ 1,3 bilhão, de acordo com um levantamento preliminar da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Os setores mais afetados incluem o comércio e a agricultura.
O governo gaúcho promete considerar a mudança climática em novos projetos de infraestrutura e reconstrução das áreas afetadas, reconhecendo a importância de se adaptar às novas condições climáticas.
*Com informações CLIMA INFO
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