“O uso responsável dos recursos naturais é vital para proteger a Amazônia e sua cultura indígenas. A preservação dessa narrativa e dos valores associados a ela é crucial para garantir a preservação da cultura amazônica no cenário em constante evolução do mundo moderno”.
Por Cristy Ellen Lopes
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O guaraná é um fruto sagrado da Amazônia profunda, descoberto e cultivado como fonte de energia, pelos indígenas da etnia milenar Sateré Mawé, que povoaram as margens do grande Rio Amazonas. E como foi essa descoberta? A origem desse fruto é explicada pela seguinte lenda: um casal indígenas vivia por muitos anos sem ter filhos e desejava muito ter pelo menos uma criança. Um dia, eles pediram a Tupã, sua divindade, uma criança para completar sua felicidade.
Tupã, o deu dos deuses da floresta, sabendo que o casal era cheio de bondade, lhes atendeu o desejo trazendo a eles um lindo menino. O tempo passou rapidamente e o menino cresceu bonito, generoso e bom. No entanto, Jurupari, o deus da escuridão, sentia uma extrema inveja do menino, da paz e da felicidade que ele transmitia, e decidiu então ceifar aquela vida em flor.
Um dia o menino foi coletar frutos na floresta e Jurupari se aproveitou da ocasião para lançar sua vingança. Ele se transformou em uma serpente venenosa e picou o menino, matando-o instantaneamente. A triste notícia espalhou-se rapidamente. Nesse momento, trovões ecoaram na floresta e fortes relâmpagos caíram pela aldeia.
A mãe, que chorava em desespero, entendeu que os trovões eram uma mensagem de Tupã, dizendo que ela deveria enterrar o corpo da criança em terreno fértil das redondezas, porque de seu corpo nasceria uma nova sagrada e cresceria dando milagrosos frutos. Assim, os pais “plantaram” o corpo daquela criança que se transformou numa belíssima planta a quem deram o nome de guaraná, porque seus frutos, semelhantes aos olhos da criança perdida, dariam riqueza e energia para sempre. Guaraná , na linguagem indígena, quer dizer “Olho de Gente”, olho daquela criança que ficaria para sempre a produzir bençãos e frutos por toda a Amazônia.
O Guaraná desempenha um papel fundamental na cultura amazônica, representando não apenas uma bebida refrigerante e saborosa, mas também carregando consigo uma lenda que conecta os indígenas Sateré Mawée à sua terra e história. A lenda simboliza a relação entre os deuses, a natureza e a humanidade, transmitindo valores como bondade e respeito à terra.
Além disso, as técnicas de desidratação de alimentos desenvolvidas pelos indígenas Sateré Mawée, incluindo o processo de preparação do Guaraná, são um testemunho da sofisticação tecnológica de sua cultura, permitindo o armazenamento de alimentos por longos períodos
A indústria do Guaraná no Amazonas desempenha, também, um papel significativo na formação da identidade cultural amazônica e na oferta de emprego, renda e oportunidades para a região. A transformação das sementes de Guaraná em diversos tipos de bebidas e outros produtos, incluindo energéticos e fitoterápicos, contribuiu para a disseminação da cultura local, tanto nacional quanto internacionalmente. Essa indústria não apenas trouxe visibilidade à região, mas também gerou empregos e oportunidades econômicas para as comunidades locais.
E por falar em indústria do Guaraná, a empresa J.Cruz Indústria de Bebidas Magistral, ícone no imaginário amazônico, iniciou suas atividades em 1945 pelo seu fundador, Comendador José Cruz e tem como seu principal negócio a fabricação bebidas a partir do guaraná, a fruta sagrada da floresta. Atualmente, com Vitor Cruz e José Cruz Neto, o conselheiro do CIEAM, Luiz Cruz, compartilha a gestão da empresa. Ao longo dos anos, foi diversificando seu portfólio com a fabricação de bebidas refrigerantes de vários outros sabores, assim como industrialização de água mineral.
“Uma das chaves para sua longevidade é sua capacidade de procurar sempre se reinventar e diversificar com inovação de seus produtos para se adaptar às mudanças do mercado o que lhe permite manter uma posição de destaque e fidelizar seus clientes ao longo dos anos os quais estão localizados na capital Manaus, na grande maioria dos municípios do Estado do Amazonas também, no sul do estado do Pará e no estado de Roraima.
A Magistral é uma empresa de estrutura familiar e, totalmente regional, já iniciando a terceira geração, tem procurado manter uma gestão profissional e eficiente, com um planejamento estratégico sólido e uma equipe de colaboradores comprometida sem perder de vista seus valores e sua identidade”, conclui o CEO da empresa.
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