Em meio à preparação brasileira para a cúpula de presidentes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), programado para acontecer em Belém (PA) em agosto, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, defendeu que os países que compartilham a Amazônia assumam um compromisso para evitar que a degradação florestal chegue ao “ponto de não retorno” que a tornaria inevitável.
“Se a Amazônia for destruída em mais de 20%, poderemos entrar no processo de savanização. É possível criar vida digna para as pessoas que vivem na Amazônia e ao mesmo tempo preservar essas imensas riquezas com o olhar para a proteção e uso sustentável da sua biodiversidade, do turismo”, disse Marina durante um seminário preparatório promovido pelo Ministério das Relações Exteriores na última 3ª feira (16/5).
Para a ministra, o encontro presidencial da OTCA pode colocar a entidade em “novo patamar”, mobilizando não apenas os países da região, mas também outras nações que tenham interesse na preservação da Amazônia.
Ela destacou o caso do Fundo Amazônia, que vem ampliando sua base de doadores desde sua retomada, no começo do ano. “Estamos trabalhando, além de Espanha, União Europeia, e outros países que também estão sinalizando cooperar, com a filantropia global. Várias instituições querem contribuir”, disse.
Entre as medidas concretas que podem ser discutidas em Belém, Marina sugeriu uma espécie de “Plano Marshall” ambiental, em alusão ao plano pós-guerra implementado pelos EUA na Europa entre os anos 1940 e 1950, com investimentos significativos em atividades econômicas sustentáveis que gerem emprego e renda e facilitem a proteção do meio ambiente na Amazônia. “Aquele Plano Marshall foi para recuperar a destruição. Este seria para evitar a destruição”, observou.
Agência Brasil, Folha e Valor repercutiram as falas de Marina Silva sobre a cúpula da OTCA.
Em tempo: O governo do presidente Lula herdou um abacaxi climático deixado pelo antecessor, Jair Bolsonaro. Em 2021, uma ação judicial de ativistas climáticos contestou a chamada “pedalada climática” que o antigo governo aplicou na contribuição nacionalmente determinada (NDC) do Brasil para o Acordo de Paris.
Na época, uma mudança metodológica na base de referência das emissões acabou distorcendo as metas de mitigação, enfraquecendo-as na prática. O Globo destacou que a ação está paralisada na Justiça Federal, mas que pode ser retomada em 7 de junho, quando termina o período dado para uma tentativa de conciliação das duas partes. Para os ativistas, a demora do governo em resolver a questão causa preocupação. Já o governo justifica que a demora decorre do processo de formulação da nova NDC, o que pode ser feito ainda neste ano.
Texto publicado em CLIMA INFO
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