O fato de jovens amazônidas sem perspectivas de acesso ao trabalho formal e legalizado serem cooptados pelo crime e dele viverem na região, embora de extrema gravidade, não pode ser a causa isolada da situação além de ser quantitativamente insignificante frente à toda cadeia dos operadores do tráfico, tendo as favelas como principais meios de sua organização operacional.
Por Juarez Baldoino da Costa
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O tráfico de entorpecentes e o desmatamento ilegal, ditos como problemas da Amazônia, são crimes gerados na verdade pelos invasores da região, e têm encontrado pouca resistência do Estado. Apesar de alguns avanços nas estatísticas de apreensões, os valores destas operações ainda se assemelham a um mero e simbólico pedágio.
Tráfico de drogas
À Amazônia não pode ser atribuída a geração do problema do tráfico de entorpecentes a partir de suas fronteiras, dado que o sistema é gerado e sustentado pelo contingente de dependentes químicos residentes no país e no exterior, grande parte invisível ao esquema de repressão. O fato de jovens amazônidas sem perspectivas de acesso ao trabalho formal e legalizado serem cooptados pelo crime e dele viverem na região, embora de extrema gravidade, não pode ser a causa isolada da situação além de ser quantitativamente insignificante frente à toda cadeia dos operadores do tráfico, tendo as favelas como principais meios de sua organização operacional.
O mercado que movimenta as cifras envolvidas na atividade não tem crise nem concorrente, já que sua gênese provém do incontrolável efeito psíquico nas pessoas dependentes que movem montanhas e não medem consequências para garantir o acesso aos entorpecentes. Não existisse a Amazônia, ou se não houvesse pobreza, mas existindo as drogas, o problema seria o mesmo. Alguém faria o serviço. Se algum governo desejar equacionar ou amenizar o problema, deverá precisar de 3 elementos: coragem, inteligência de operações e ciência médica, juntas; somente uma ou duas das três não seria suficiente.
Desmatamento e queimadas
Apenas desde 1995, o INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais registrou que o desmatamento da Amazônia atingiu 375.000 Km². Em Km², FHC ocupa o 1º. lugar com 153.000 em seus 2 governos, e em 2º. lugar vem Lula com 126.000 também em 2 governos. Bolsonaro em um governo desmatou 46.000 e Dilma 50.000 também em 2 governos, com a menor taxa. As médias anuais em Km² foram de 19.000 com FHC, 15.700 com Lula, 11.500 com Bolsonaro e 6.300 com Dilma.
Os números revelam que a questão dos tais rios voadores que ajudam a atividade agropecuária, o sequestro de carbono, a obtenção de ar limpo e a amenização do clima, entre outros, todos dependentes de floresta, que embora sejam ditos como importantes e até fundamentais benefícios ecológicos difusos, quando em confronto com interesses pessoais perdem a importância, passam para a categoria da mera retórica e não têm resistido à busca pela prosperidade. O discurso “climático” neste caso se enquadra na categoria de hipocrisia política.
375.000 Km², exceto os roçados familiares, não foram causados pelo amazônida residente, mas pela sociedade exógena que, ou consome a carne de pastos irregulares, ou compra a madeira ilegalmente extraída.
Pelo noticiário que se observa no dia a dia, um caminho que pode ajudar a resolver a questão da perda criminosa de florestas pode ser a contratação, pela Polícia Federal, dos repórteres espalhados pelo país que, armados apenas de uma câmera fotográfica ou de filmagem, conseguem a façanha de obter nomes, endereços, imagens e provas. Até entrevistas com suspeitos e com acusados são divulgadas pela mídia.
A Amazônia não tem estrutura para resolver estes problemas os quais não causou, que vão além dos esforços que ela já tem que empreender para tratar dos seus próprios problemas.
O Brasil é um devedor da Amazônia por ter tido governança omissa há décadas.
Juarez é Amazonólogo, MSc em Sociedade e Cultura da Amazônia – UFAM, Economista, Professor de Pós-Graduação e Consultor de empresas especializado em ZFM.
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