Suzana Camargo – Conexão Planeta
Sustentabilidade: No passado, acreditava-se no Japão que se você maltratasse ou jogasse um objeto fora, o espírito dele poderia aparecer como um fantasma. O que seria do nosso mundo atual se essa crença fosse real? Estaríamos sendo assombrados diariamente por milhões e milhões de embalagens plásticas. Para usar a arte para chamar a atenção sobre um grave problema social e ambiental, a companhia de dança japonesa K-Ballet montou o espetáculo “Plástico”.
Apesar de o país asiático não estar no topo do ranking daqueles que mais produzem lixo plástico no planeta – Estados Unidos, Índia, China Brasil e Indonésia estão nos cinco primeiros lugares .
Ainda assim os idealizadores da montagem acreditam que esse era um tema que merecia ganhar o palco: poluição e sustentabilidade.
Para a produção do cenário e dos figurinos foram usadas mais de 10 mil garrafas plásticas, recolhidas nas ruas de Tóquio. A grande maioria delas foi utilizada na confecção de quatro grandes paredes que ilustravam o espaço “Labirinto”.
Os tutus, as saias usadas pelas bailarinas, foram feitas com plástico bolha, e 100 guarda-chuvas, transparentes, do mesmo material, e esquecidos ou descartados pela capital, também fizeram parte do figurino do espetáculo.
Alguns bailarinos, entre eles o americano Julian MacKay, um dos principais nomes do balé mundial (na imagem acima), dançaram com garrafas presas ao corpo.
“Para mim esse é um projeto único e eu adoraria que mais levantando a questão sobre outros problemas, como a reciclagem e o meio ambiente, fossem realizados. Acho que eu jamais teria pensado que uma garrafa prensada poderia ser bonita e há beleza em coisas como isso”, disse o artista em entrevista à Associate France Press.
Para ele, quando você une um meio artístico, como a dança, a um assunto como reciclagem ou upcycling, os espectadores são “forçados” a pensar o que mais eles podem fazer.
“Usando o poder da arte, eu ficarei feliz se o espetáculo conseguir mudar alguma coisa ou leve essa questão para uma abordagem mais otimista”, acredita Taiju Takano, produtor chefe da peça.
“Plástico” foi exibido em Yokohama numa breve temporada. Os figurinos e as paredes serão guardados por um ano. Caso não sejam reutilizados, seguirão para reciclagem.
Nos últimos 20 anos, o descarte de resíduos plásticos dobrou no mundo e apenas 9% desse total foi reciclado.
*Com informações do Japan Times, The Guardian e SAMAA TV
Texto publicado em Conexão Planeta em 24/01/2023
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