Nos últimos dias do Fórum Econômico Mundial em Davos, a ministro do Meio Ambiente defendeu protagonismo do Brasil na questão ambiental com liderança pelo exemplo, mas também cobrou cooperação internacional; Bioeconomia também foi foco.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse nesta quinta-feira que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende liderar a proteção da Amazônia e dar um exemplo global, apesar das dificuldades em reduzir o desmatamento após o “apagão” deixado por Jair Bolsonaro.
Marina, que retomou o ministério que ocupou durante o primeiro governo de Lula (2003-2006), garantiu aos participantes no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, que o Brasil já possui a experiência e os conhecimentos científicos necessários para reduzir o desmatamento na Amazônia a zero até 2030.
“Temos uma experiência bem-sucedida na redução do desmatamento. Nos primeiros governos de Lula, conseguimos reduzir as taxas de destruição da Amazônia em 83%”, enalteceu.
Além disso, afirmou que, apesar de naquela época o governo ter começado do zero porque não tinha experiência nem conhecimentos para combater o desmatamento, agora tem de recomeçar do zero depois do cenário desolador deixado por Bolsonaro.
“Agora é mais difícil porque Bolsonaro causou um apagão nas políticas ambientais; desmantelou os órgãos de controle e fiscalização; reduziu os orçamentos para combater o desmatamento e deu poder aos segmentos que se opõem à proteção das florestas e dos povos indígenas”, declarou.
Marina recordou que durante os quatro anos do mandato de Bolsonaro, a devastação da maior floresta tropical do mundo atingiu níveis recorde.
Lula atua rapidamente
A ministra acrescentou que nos primeiros dias do governo Lula, o plano para controlar o desmatamento já tinha sido restabelecido; o Fundo Amazônia foi reativado, as medidas controversas de Bolsonaro, como a que permitia a mineração na Amazônia, foram revogados, e foi criado um grupo de 17 ministérios para definir políticas de preservação.
“Estamos aqui (em Davos) para dizer que o Brasil voltou à cena mundial determinado a recuperar o seu papel de impulsionador de iniciativas para combater as mudanças climáticas e preservar a biodiversidade, e para unir forças na definição de um novo modelo de desenvolvimento mais sustentável”, argumentou.
“Consideramos que, sendo o país com a maior área na Amazônia, é nosso dever protegê-la e queremos liderar pelo exemplo perante o mundo”, acrescentou.
Mas esclareceu que para garantir o sucesso destes esforços é necessário ter o apoio dos países com os quais o Brasil partilha a floresta, assim como o apoio financeiro e tecnológico dos países ricos e das empresas.
“Lula vai viajar em breve para participar de uma reunião dos países amazônicos para pensar em uma estratégia comum”, disse, referindo-se à cúpula amazônica agendada para maio.
Marina explicou que a estratégia brasileira para a preservação da Amazônia tem dois aspectos, um que visa proteger 57 milhões de hectares ainda protegidos, e o outro que visa promover o desenvolvimento sustentável para garantir a subsistência dos 30 milhões de brasileiros que vivem na região.
No mesmo debate em Davos, intitulado “A Amazônia em uma encruzilhada”, o governador do estado do Pará, Helder Barbalho, apresentou o Plano de Bioeconomia criado pela sua gestão para garantir a preservação no segundo maior estado amazônico do Brasil, o que permitiu reduzir o desmatamento em 21% entre 2021 e 2022 e promover um modelo econômico sustentável.
Fonte: EFE
Comentários