Os estados da Amazônia brasileira não querem depender do resultado da eleição presidencial para se posicionar na próxima Conferência da ONU sobre o Clima, a COP27 que acontecerá no próximo mês no Egito.
Novo espaço COP27
Pela primeira vez, estes estados contarão com um pavilhão específico dentro do espaço oficial da COP, com cerca de 120 m2. O espaço servirá para realizar eventos relativos a novos projetos e iniciativas climáticas na Amazônia, bem como captação de recursos e parcerias internacionais.
Um dos focos será a reativação do Fundo Amazônia, principal instrumento internacional para financiamento de projetos ambientais na floresta amazônica brasileira, congelado desde 2019 por dificuldades impostas pelo governo de Jair Bolsonaro.
Daniela Chiaretti informa no Valor que um dos objetivos dos governadores amazônicos será conversar na COP com os governos de Alemanha e Noruega, principais doadores do Fundo.
“A nossa participação em um hub específico não quer dizer que vamos nos separar do país do qual fazemos parte. Mas era impossível apresentar a Amazônia dos nove governos estaduais, expondo sua visão de desenvolvimento sustentável e de uma economia de baixas emissões, com compromisso de frear o desmatamento, dentro do estande do governo central”, justificou o governador do Amapá, Antônio Waldez Góes, que também preside o consórcio de governos da Amazônia.
Ainda sobre o Brasil na COP27, o chanceler Carlos França resolveu dar uma “canja” a empresários e investidores em um jantar na última 2ª feira (17/10) em São Paulo. Para ele, o governo brasileiro participará da Conferência de Sharm El-Sheikh em uma posição positiva, principalmente por conta dos problemas energéticos enfrentados pelos europeus neste ano.
Sobre a escalada do desmatamento e o desmonte das políticas ambientais, o chefe da diplomacia brasileira preferiu sair pela tangente, assinalando a disposição do governo de conversar com outros países para apoiar a proteção ambiental e a transição energética. Exame, Folha e VEJA deram alguns detalhes da conversa.
Mais falastrões, o ministro da agricultura e o outrora “Posto Ipiranga” de Bolsonaro foram menos diplomáticos em suas considerações sobre a posição do Brasil nas conversas internacionais sobre clima.
O titular da pasta agrícola, Marcos Montes, postou um vídeo nas redes sociais criticando duramente a proposta da União Europeia de restringir a importação de commodities agrícolas associadas ao desmatamento, chamando-a de “armadilha”, “protecionista” e símbolo de “narrativas distorcidas”. O Canal Ruraldeu a notícia.
Já Paulo Guedes segue em modo “Alice no País das Maravilhas”. Em evento em Brasília, o ministro da economia disse que o Brasil é uma “potência alimentar” e que caminha para uma “reindustrialização” impulsionada pela energia renovável e barata. “Se somos uma potência agrícola, temos que ser uma potência agroindustrial. Somos uma potência energética limpa”, afirmou.
Ao que tudo indica, o ministro não se dá mais ao luxo de acompanhar o que o governo do qual participa está fazendo na área energética. A CNN Brasilrepercutiu a ladainha do ministro.
Em tempo: A Reuters informou que auxiliares do ex-presidente Lula estão estudando a possibilidade de realizar uma cúpula dos países da Amazônia no começo de 2023, caso ele seja vitorioso no 2º turno das eleições presidenciais. O ex-chanceler Celso Amorim, principal assessor do candidato do PT para assuntos internacionais, afirmou que o encontro também pode contar com a participação de outros países, como França e Estados Unidos. A ideia seria dar nova vida ao Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), de 1978, para aproveitá-lo em favor de novos projetos de proteção da floresta e para ajudar na captação de recursos internacionais.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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