Além do desmatamento, que é a retirada total da vegetação, o Imazon também mediu a degradação florestal provocada pelas queimadas e extração de madeira. Em setembro a degradação aumentou 359% na Amazônia, passando de 1.137 km² em setembro de 2021 para 5.214 no mesmo mês deste ano.
A destruição da floresta amazônica em 2022 atingiu a pior marca em 15 anos de medições do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Entre janeiro e setembro, foram desmatados 9.096 km² de vegetação nativa no bioma, o equivalente a seis vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Os números, do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) do Instituto, foram divulgados nesta terça-feira (18).
Esta foi a quinta vez consecutiva que os números acumulados no período apresentam alta, sendo as piores taxas de destruição registradas já durante o governo Bolsonaro. Durante uma década, de 2008, quando o SAD entrou em operação, até 2017, o desmate acumulado nos nove primeiros meses do ano se manteve abaixo dos 3.500 km².
“Esses altos níveis de destruição não só ameaçam a biodiversidade e os povos e comunidades tradicionais, mas afetam também a vida de toda a população brasileira. A derrubada da floresta impacta no aumento das emissões dos gases do efeito estufa, que são os grandes responsáveis pela mudança climática e pelos eventos extremos”, explica a pesquisadora do Imazon Bianca Santos.
Desmatamento mensal
Somente em setembro, a área desmatada na Amazônia foi de 1.126 km², o equivalente à cidade do Rio de Janeiro. Esse também foi o pior setembro em 15 anos, ficando atrás apenas de 2020 e 2021.
O Pará novamente ficou no topo da lista de desmatadores, com quase metade de toda destruição: 553 km² (49%). Segundo o Imazon, o desmatamento neste estado está avançando para o norte e se aproximando do maior bloco de áreas protegidas do mundo, o que, de acordo com o Instituto, representa uma grande ameaça à biodiversidade amazônica e aos povos e comunidades tradicionais na região.
O Imazon também alerta para o avanço da destruição dentro de Terras Indígenas e unidades de conservação. Seis dos 10 territórios indígenas mais desmatados em setembro estão em solo paraense, incluindo o Apyterewa, que ficou no topo da lista. O local perdeu apenas no mês passado uma área equivalente a 1,8 mil campos de futebol.
O Pará também tem cinco das 10 unidades de conservação mais destruídas, com destaque para a Área de Proteção Ambiental do Lago do Tucuruí, a segunda colocada.
O segundo estado que mais destruiu a Amazônia em setembro foi o Amazonas, com 193 km² (17%). Em solo amazonense, a destruição avança pelo Sul, onde há forte pressão de grileiros, diz o Imazon. Apenas dois municípios dessa região, Lábrea e Boca do Acre, somaram 38% do total desmatado no estado.
“As derrubadas no Amazonas têm se concentrado em áreas de florestas públicas não destinadas, aquelas que ainda não tiveram um uso definido, e em áreas protegidas, como terras indígenas. Territórios que muitas vezes são invadidos por grileiros com a expectativa de futuramente conquistar um título de propriedade e lucrar com a venda deles”, explica Raissa Fernanda Ferreira, pesquisadora do Instituto.
Em terceiro lugar ficou o Acre, onde foram derrubados 140 km² de floresta, 13% do registrado na Amazônia. No estado, 18% da área desmatada ocorreu apenas dentro da Resex Chico Mendes (26 km²), o que fez o território ser a unidade de conservação mais devastada na Amazônia no mês de setembro.
Degradação florestal
Além do desmatamento, que é a retirada total da vegetação, o Imazon também mediu a degradação florestal provocada pelas queimadas e extração de madeira. Em setembro a degradação aumentou 359% na Amazônia, passando de 1.137 km² em setembro de 2021 para 5.214 no mesmo mês deste ano.
Apenas dois estados concentraram 96% da área degradada na floresta tropical: Mato Grosso, com 3.865 km² afetados (74%), e Pará, com 1.127 km² (22%).
O Imazon ressalta que, além do governo federal, os estados têm grande responsabilidade no combate ao desmatamento. Atualmente, a legislação permite que os órgãos estaduais também autuem responsáveis por crimes ambientais em áreas federais e, além disso, os governos dos estados podem cancelar os Cadastros Ambientais Rurais (CARs) sobrepostos a áreas protegidas tanto sob jurisdição própria quanto da União, diz a entidade.
Fonte: O Eco
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