É o que afirma o professor Pedro Dallari em sua coluna desta semana. Segundo dados, o desmatamento equivale a sete vezes o tamanho da cidade de São Paulo
Por Marcello Rollemberg – Jornal da USP
O noticiário dos últimos dias trouxe a informação de que o desmatamento continua a crescer na Amazônia. Esse é um dado extremamente preocupante e é o tema da coluna do professor Pedro Dallari desta semana. “Entre agosto de 2021 e julho de 2022, mais de 10,5 mil quilômetros quadrados de floresta foram destruídos. Essa área equivale a sete vezes o tamanho do município de São Paulo. E é uma tendência que continua.
Dados desmatamento
Se pegarmos apenas os dados deste ano, de janeiro a julho, a destruição atingiu mais de 6,5 mil quilômetros quadrados”, afirma Dallari. “Em ambos os casos, são as maiores taxas de destruição dos últimos 15 anos. Esse aumento do desmatamento vem ocorrendo de modo significativo desde 2018. Os dados são do Imazon, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, uma organização não governamental de pesquisa criada em 1990 e sediada em Belém do Pará. E esse quadro revelador do aumento acentuado do desmatamento coincide com outros levantamentos, como aqueles realizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe”, informa o colunista.
“É um quadro terrível, com impacto direto sobre o fenômeno do aquecimento global, por conta da relevância da floresta amazônica na configuração do ecossistema terrestre, assim como do Cerrado brasileiro, que também vem sendo vítima de destruição sistemática”, alerta ele.
Segundo o professor, a evolução do desmatamento no Brasil tem sido um dos fatores que levam a comunidade científica a falar não mais em mudança climática, mas em emergência climática. “Essa emergência se faz sentir nas situações climáticas extremas vividas nos últimos anos no Brasil e no mundo: chuvas torrenciais em algumas regiões e secas prolongadas em outras.
Esses fenômenos dramáticos vêm afetando a vida de milhões de pessoas, levando à identificação da figura do refugiado ambiental, que foge dos efeitos dramáticos da deterioração da situação do meio ambiente”, avalia o colunista, alertando que esta figura do “refugiado ambiental” ainda não está prevista no direito internacional. “Os dados divulgados pelo Imazon ajudam a explicar a razão de a temática ambiental ser aquela que mais chama a atenção para o Brasil na comunidade internacional.
E a persistência desses dados vai contribuindo para comprometer significativamente a imagem do Brasil no exterior. Há uma forte convicção em âmbito global de que a emergência climática representa risco real para a preservação das condições da vida humana em nosso planeta. E a triste contribuição do Brasil para essa situação emergencial é motivo de alarme, no Brasil e no exterior”, conclui o colunista.
Texto publicado originalmente em JORNAL DA USP
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