Autoproclamado liderança dos garimpos de Roraima, o empresário Rodrigo Martins de Mello, vulgo Rodrigo Cataratas, tem uma lista longa de acusações policiais e processos na Justiça por exploração ilegal de minérios em áreas protegidas. Nada disso, no entanto, o impediu de se lançar candidato a deputado federal pelo estado, no partido do atual presidente da República.
O Fantástico (TV Globo) destacou as encrencas legais de Cataratas e alguns dados curiosos de seu cadastro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Por exemplo, o empresário informa ter um patrimônio de R$ 33,6 milhões, dos quais R$ 4,5 milhões estariam em espécie – ou seja, dinheiro vivo, que não está no banco. No ano passado, a empresa dele teve nove aeronaves apreendidas pela Polícia Federal sob suspeita de uso no transporte de ouro e outros minérios extraídos ilegalmente da Terra Indígena Yanomami.
Cataratas também teria relação com o esquema da mineradora M.M.Gold, antiga Gana Gold, para retirada e comercialização de ouro de origem ilegal, tendo recebido R$ 2 milhões da empresa, segundo a PF. Mais recentemente, os investigadores encontraram relação entre o empresário e um grupo que tentou atacar um helicóptero do IBAMA, em Boa Vista, em setembro de 2021.
Garimpo Ilegal
A candidatura dele reflete a mobilização de garimpeiros e empresários locais para impulsionar defensores da atividade ilegal nas eleições para a Assembleia Legislativa e o Congresso Nacional. Enquanto isso, outros grupos tentam derrubar a resistência ao garimpo sob a alegação de que a atividade mineradora pode ser “mais sustentável”.
No The Intercept Brasil, Felipe Sabrina destacou a atuação de lobistas da mineração, ligados à Associação Nacional do Ouro, na campanha “Garimpo 4.0”. Por meio de encontros com comunidades no interior da Amazônia e até mesmo postagens nas redes sociais, o grupo defende a proposta do governo federal de regularizar a “mineração artesanal”, nome pomposo para o garimpo, com o uso de práticas “mais limpas” de exploração do ouro.
Em tempo: O clima em diversas Terras Indígenas no Mato Grosso do Sul se resume a duas palavras: medo e guerra. Medo da violência do aparato governamental, instrumentalizado por grandes proprietários que querem expulsá-los de suas terras. Para eles, o cenário atual é de guerra pura e simples. “A guerra pela terra e pela sobrevivência diante de um extermínio que mata por suicídio antes dos 20, de emboscada antes dos 30, da falta de terra antes dos 40 ou de veneno dos agrotóxicos um pouco por dia”, escreveu Jamil Chade no UOL. “Desamparadas, as comunidades vivem uma rotina de massacres e intimidações. E não escondem: se Bolsonaro ganhar mais quatro anos no poder, o cenário será de desespero”.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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