No Ártico, ursos famintos ingerem restos de lixão enquanto seus habitats derretem.
A perda de gelo marinho no Polo Norte causada pelo aquecimento global não só está acabando com os habitats naturais de ursos polares como também está tornando seus alimentos menos disponíveis. Ao mesmo tempo, o consumo de restos de alimentos tem sido mais comum, assim como a aproximação de tais animais em áreas ocupadas por seres humanos. Tudo isso causa sérios riscos de aumentar os conflitos entre os humanos e ursos polares.
Estas constatações fazem parte de um preocupante artigo publicado na revista Oryx por pesquisadores dos EUA e do Canadá.
O texto apresenta seis estudos de caso, em comunidades no Ártico, que ilustram interações negativas relacionadas à alimentação entre humanos e ursos polares no Canadá, Rússia, Alasca e Noruega. Há tanto histórias de ursos atraídos por grandes lixões como de fontes de menor escala, como acampamentos de pesquisa, por vezes, resultando em tragédias.
“É surpreendente quantos lugares que nunca tiveram problemas com ursos polares agora estão tendo problemas emergentes”, disse Andrew Derocher, biólogo da Universidade de Alberta, no Canadá, em entrevista à Reuters.
Outro ponto importante é que os pesquisadores analisaram o problema em relação ao ursos polares, uma vez que os habitats de ursos pretos e marrons já foram perdidos para os humanos há muito tempo.
Os ursos polares costumam se alimentar de focas. No entanto, o derretimento do gelo impede-os de alcançar as presas. Além disso, os ursos têm ficado mais tempo em terra firme e, portanto, longe das presas naturais. Quando saem para caçar chegam aos resíduos deixados por seres humanos, é o caso de restos de baleias e outros animais caçados.
A atração de ursos polares em áreas ocupadas por seres humanos causa problemas evidentes, como a morte da espécie animal por tiros e também perdas humanas. Os cientistas chamam ainda atenção para outras consequências, como a subnutrição e morte dos ursos, uma vez que os “alimentos obtidos de lixões são substitutos pobres para a dieta natural dos ursos”.
Embora a comida ingerida em lixões tenha aumentado a massa corporal de ursos polares, suas taxas reprodutivas e de sobrevivência não aumentaram. Pelo contrário, as evidências apontam que ursos polares que se alimentam de “lixo humano” têm taxas de mortalidade mais altas. Até porque eles acabam ingerindo itens não comestíveis com resquícios de alimentos. É o caso de sacos plásticos, folhas de alumínio e palitos de dente, para citar alguns exemplos.
Os pesquisadores destacam que foram relatados casos de ursos polares com sérios problemas de saúde ou morrendo lentamente e dolorosamente por causa de materiais ingeridos em lixões.
Por fim, os cientistas alertam que à medida que os ursos polares passam cada vez mais tempo em terra, aumenta a probabilidade deles buscarem por resíduos alimentares dos humanos.
Também pontuam que embora a perda de habitat causada pelo aquecimento climático leve anos para ser resolvida, o gerenciamento de resíduos exige esforços imediatos. Sobretudo ao passo que aumenta a população urbana. Um exemplo é Nunavut, relatado no artigo. Hoje segundo território menos populoso do Canadá, Nunavut deverá crescer 31% até 2035, o que aumentará a produção de resíduos orgânicos.
Para ler o artigo completo, em inglês, acesse aqui.
Fonte: CicloVivo
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