O governo federal já percebeu que jogar a conta do preço alucinante dos combustíveis nas costas do ICMS dos Estados não engana ninguém. Dito pelo não dito, a aposta agora é tentar turbinar os auxílios Brasil e Gás, além da criação de um vale para os caminhoneiros no valor de R$ 1 mil.
O Valor reporta que a equipe econômica estimou que a farra não custará mais do que R$ 50 bilhõezinhos. Acredita quem quer. A gestora Ryo Asset já fala de um rombo de R$ 58,2, informa a CNN. “O risco de perda de controle da PEC durante a tramitação é grande e os gastos podem extrapolar essa estimativa inicial. Um risco ainda maior em ano de eleições”, disse ao site da emissora Gabriel Barros, economista-chefe da gestora. Estadão, Folha e O Globorepercutem em detalhes os novos anúncios.
Sem uma política nacional concreta para os combustíveis, a inflação deve corroer o aumento de R$ 200 do Auxílio Brasil muito antes dos 100 dias que ainda faltam para as eleições. No caso dos caminhoneiros, talvez não seja preciso esperar. Segundo o deputado Nereu Crispim (PSD-RS), da Frente Parlamentar dos Caminhoneiros, nem mesmo um voucher de R$ 5 milresolveria o problema dos motoristas. Como solução, ele defende o fim da PPI (política de preços de paridade de importação) da Petrobrás, um mecanismo que faz com que as oscilações do dólar e do preço do barril no exterior impactem imediatamente nas bombas dos postos de gasolina. A’O Globo, o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (ABRAVA), Wallace Landim, fez as contas: um caminhão gastaria R$ 5.520 para encher o tanque de 600 litros ao abastecer em São Paulo pelo preço de R$ 8,70. “Para a categoria do transporte rodoviário, isso [esse auxílio] não resolve. A gente não está querendo nenhum tipo de auxílio. Queremos que o governo faça o papel dele e retire o Preço de Paridade de Importação (PPI), e que ele possa usar esse recurso para outras categorias como é o caso de transporte escolar, dos motoristas de aplicativo e dos motofretistas, que rodam no urbano e essa medida resolve. Um caminhão faz dois quilômetros por litro”, disse Landim ao jornal.
Segundo o presidente, o culpado da vez não é ele, mas o Conselho da Petrobras. Ele aproveitou para criticar a demora do colegiado em aprovar sua mais nova indicação para chefiar a companhia, Caio Paes de Andrade. A conselheira Rosângela Buzanelli, que representa os funcionários da empresa, disse à Folha que o indicado não preenche os requisitos do cargo. “O fato é que Andrade não tem notório conhecimento na área, é formado em comunicação social e sem experiência no setor de petróleo e energia”, disse a conselheira. O Comitê de Elegibilidade da Petrobras tomará sua decisão hoje.
Texto publicado originalmente em Clima INFO
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