A exclusão do INPE da câmara técnica criada pelo governo federal para “qualificar” os dados sobre desmatamento está sendo abertamente criticada por pesquisadores do órgão, que há décadas fazem o trabalho de monitoramento espacial da Floresta Amazônica e de outros biomas brasileiros. Nesta 3a feira (7/6), um grupo de servidores do INPE protestou em frente à sede do instituto em São José dos Campos (SP), ressaltando que a ausência de representantes do INPE nesse colegiado é mais uma “tentativa de desmonte do patrimônio científico”.
Ao g1, o diretor do INPE Clézio de Nardin informou que a medida está sendo formalmente questionada com o governo federal. “Enviei um ofício ao ministro onde me coloco à disposição com nosso quadro de servidores por entender que o INPE tem competência para atuar em qualquer câmara desse porte, dado que já somos os criadores do monitoramento e já contribuímos exaustivamente para que os órgãos de controle atuem adequadamente”, afirmou Nardin.
Uma das preocupações de especialistas dentro e fora do INPE é de que a decisão de excluir o órgão dessa câmara técnica seja mais uma tentativa do governo federal para distorcer as informações sobre desmatamento obtidas pelos sistemas de monitoramento por satélite. Desde o começo da atual gestão, o presidente da República vem questionando os dados sobre desmatamento e colocando em xeque a explosão da destruição florestal observada nos últimos anos em todo o país, e especialmente na Amazônia. Por conta disso, o INPE tem sido alvo frequente de críticas injustificadas do Palácio do Planalto e sendo vítima de um desmonte orçamentário e estrutural.
Band, g1 e ((o)) eco repercutiram as manifestações dos servidores do INPE. Já Bernardo Esteves abordou na piauí como essa câmara técnica pode servir aos interesses do presidente da República para desmoralizar os dados e mascarar a destruição florestal impulsionada pelo governo federal.
Em tempo: A sinalização de uma “boiadinha” antiambiental no Senado Federal fez com que um grupo de nove ex-ministros do meio ambiente voltasse a acionar o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, sobre os riscos de alguns projetos que estão sendo discutidos na surdina pelos colegas senadores. “É fortemente recomendável que as deliberações ocorram com os consensos possíveis fora do clima eleitoral, considerando inclusive as perspectivas futuras de uma nova gestão mais bem alinhada com os compromissos ambientais e climáticos nacionais e internacionais do Brasil”, diz a carta enviada a Pacheco na última 6ª feira. O texto é assinado pelos ex-ministros Carlos Minc, Edson Duarte, Gustavo Krause, Izabella Teixeira, José Carlos Carvalho, José Goldemberg, José Sarney Filho, Marina Silva e Rubens Ricupero. O blog Ambiência (Folha) deu mais detalhes.
Fonte: Clima INFO
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