Presidente está cada vez mais pressionado a produzir fatos políticos que mudem a estagnação da tendência de recuperação de votos
O tema mais importante da semana é a crise do preço dos combustíveis. Jair Bolsonaro (PL) trocou mais uma vez o presidente da Petrobras. José Mauro Coelho não resistiu no cargo mais que 40 dias, pois preferiu manter a política de preços da empresa, reajustando o diesel e contrariando o Planalto.
Ele dará lugar a Caio Paes de Andrade, que foi uma indicação do ministro da Economia Paulo Guedes. A exemplo do ministro das Minas e Energia, Adolfo Sachsida, que também fazia parte da equipe de Guedes na Economia.
O que significa que o presidente Bolsonaro deu poderes ao grupo de Guedes sobre os rumos da principal estatal brasileira. É provável que isso signifique mudanças no comando da empresa no sentido de garantir ao governo um fôlego maior na luta para conter a inflação, fortemente pressionada pelos sucessivos aumentos nas bombas.
E as pesquisas eleitorais da semana confirmaram o “congelamento” da tendência de recuperação de intenções de voto e de popularidade de Bolsonaro, que vinha sendo consistente desde o início do ano. Isso vem sendo atribuído no núcleo político do governo à economia.
Qual é a consequência desse diagnóstico? Bolsonaro está cada vez mais pressionado a agir, tomar providências, produzir fatos políticos que mudem esse estado de coisas, que só favorece a candidatura de Lula (PT), que lidera todas as pesquisas num patamar bastante sólido de apoio.
É nesse contexto de alta polarização que se dá a decisão do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) de desistir da corrida presidencial precocemente. O tucano, sem respaldo do próprio partido, abriu caminho para uma candidatura única do bloco da chamada “terceira via”. Hoje, a favorita para abraçar esse projeto é a senadora Simone Tebet (MDB).
Muita coisa ainda vai acontecer nesse campo político até julho, quando começam as convenções. E Tebet, além do apoio de parte do empresariado, precisará mostrar, por exemplo, capacidade de resolver os problemas internos na sua legenda, visto que o MDB prefere liberar os estados para acordos de interesse regional, apoiando Lula no Norte e Nordeste e Bolsonaro, no Centro-Sul.
De fato existe uma demanda de uma parcela do eleitorado pela terceira via. Mas vamos recapitular: em pouco mais de um ano, Luciano Huck, Henrique Mandetta, Rodrigo Pacheco, Sergio Moro, Eduardo Leite e agora João Doria abandonaram a disputa, por razões distintas. Por que será?
Talvez essa demanda por uma opção a Lula e Bolsonaro seja insuficiente para convencer os próprios candidatos e partidos. Imagine, então, os eleitores.
Fonte: Jota
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