Entre os dias 4 e 14 de abril, grupos indígenas de todo o Brasil se mobilizarão no Acampamento Terra Livre (ATL), com o objetivo de contestar os diversos ataques e projetos do governo Bolsonaro para desmontar as políticas de meio ambiente e proteção dos direitos indígenas no Brasil. A mobilização ganhou mais força depois de o presidente e seus aliados intensificarem a pressão para que o Congresso Nacional aprove o projeto de lei (PL) 191/2020, que regulariza a exploração mineral em Terras Indígenas.
“Nunca os Povos Indígenas enfrentaram tamanhas ameaças”, escreveu Txai Suruí na Folha. “Lutamos contra um projeto genocida e fascista que quer acabar com as maiores riquezas do Brasil, que são suas florestas e os Povos que vivem nela. Estamos vendo o enfraquecimento das leis ambientais e dos órgãos ambientais e não somente a omissão, mas o incentivo do governo federal para a invasão de Terras Indígenas”.
Também na Folha, Angela Kaxuyana (COIAB) destacou como o avanço do desmatamento e do garimpo representa uma ameaça existencial aos Povos Indígenas brasileiros, especialmente os isolados. Nos últimos anos, a FUNAI tem sido leniente e pouco ativa na defesa desses grupos, o que tem intensificado o risco de contato com forasteiros e, com isso, a exposição a ameaças sanitárias e de integridade.
“Isolados são nossos parentes mais resistentes, que rejeitam qualquer tipo de contato com não indígenas devido ao histórico de massacres e perseguições. O isolamento é uma maneira que encontraram para seguir existindo. Trata-se de um direito”, escreveu Kaxuyana. “A função da FUNAI é garantir a proteção de territórios e vidas indígenas. No entanto, (…) o órgão mostra trabalhar contra seus princípios, tal qual raposa cuidando do galinheiro”.
Em tempo: O Globo deu mais detalhes sobre um estudo recente da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), em parceria com a Fiocruz e o WWF-Brasil, que mostrou que ¾ da população de Santarém apresenta níveis de concentração de mercúrio em seus corpos acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde. A principal suspeita é de que esse mercúrio seja resultado da ação do garimpo, que despeja esse metal pesado no rio, contaminando sua água e os peixes que nela vivem – e que servem de alimento aos habitantes de Santarém.
Fonte: Clima Info
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