Parece até prova de resistência. O Financial Times publicou reportagem na última 5ª feira (17/2) mostrando que os grupos eólicos que antes nadavam de braçada frente a um mercado com preços cada vez mais competitivos frente à demanda crescente, passaram por um grande revés em 2021, que ainda traz reflexos em 2022.
A combinação de fatores envolve o aumento dos custos dos materiais, o desabastecimento de matérias-primas e até a redução do volume de ventos, no ano passado. A crise foi classificada como “tempestade perfeita” por Andreas Nauen, presidente-executivo da Siemens Gamesa, em entrevista ao FT, e está sendo considerada a pior em lucratividade dos últimos 15-20 anos.
Os ventos contrários acarretaram perdas de US$ 58 bilhões (R$ 319 bilhões) no valor de mercado das principais fabricantes de turbinas eólicas do mundo. O prazo de entrega de alguns componentes aumentou de cinco para 50 semanas. Além disso, o aço e o cobre, matérias-primas essenciais para as turbinas eólicas, subiram no mercado internacional 50% e 60%, respectivamente, na comparação com 2020.
Embora o cenário pareça nebuloso no curto prazo, há esperança de que o perrengue seja temporário e que o mercado reaqueça, principalmente porque a energia eólica é central na transição energética para uma sociedade de baixo carbono.
Os fabricantes, no entanto, aprenderam com o tombo e anunciam que vão rever a formulação de contratos para evitar prejuízos futuros. Eles também estão de olho na China, onde, contrariando a tendência global, aconteceu uma queda nos preços das turbinas em 2021. A torcida é para que a guerra de preços não impeça os bons ventos que poderão manter o combustível fóssil embaixo do solo.
Em tempo 1: Aproveitando seus últimos suspiros bilionários, as petroleiras tiraram a carta da sorte e comemoram a bonança econômica com a retomada pós-pandemia e a alta nos preços no mercado global. As sete maiores – incluindo BP, Shell, ExxonMobil e Chevron – devem entregar um volume recorde de dividendos aos acionistas neste ano, por meio de programas de recompra que podem chegar a US$ 38 bilhões (R$ 209 bi). Financial Times e Bloomberg trazem informações sobre o lucro fácil para alguns em troca do custo alto para toda a humanidade. O FT mostra também que empresas de carvão dos EUA estão na mesma toada, desafiando “obituários” com resultados “incríveis”.
Em tempo 2: Estudos mostram que o greenwashing pode estar correndo solto nos chamados “investimentos verdes” e que é preciso ficar atento para não comprar gato por lebre. O Financial Times revela que os populares fundos ESG – títulos com altos padrões ambientais, sociais e de governança – correm o risco de um novo escândalo de venda “equivocada”. Advogados indicam que a conta chegará, e rápido, já que os mecanismos de regulação e controle da gestão de ativos estão mais precisos na identificação de fraudes.
Fonte: ClimaInfo
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