A repercussão na imprensa das 24 mortes decorrentes das chuvas torrenciais que desabaram sobre a Grande São Paulo e o interior do estado desde 6ª feira (28/1) indicou que os governos estadual e federal investiram menos do que o previsto no orçamento para combate a enchentes.
O ambientalista Carlos Bocuhy, em coluna no ((o))eco, chamou os deslizamentos e inundações de “tragédia anunciada” e ressaltou que todas as áreas de risco afetadas já estavam mapeadas no estado, ao denunciar o que ele chama de “criminosa ineficácia governamental”. “A realidade climática exige um novo e eficiente modelo de governança.”
O UOL, na mesma linha, apontou que o governo do estado cumpriu apenas 60% do que estava previsto no orçamento para prevenção e combate a enchentes em 2021. Os gastos com obras foram menos da metade (45,4%), totalizando R$ 452 milhões de R$ 994 milhões aprovados pelo legislativo. O g1 destacou que, por 11 anos, até 2021, o governo estadual “executou valores abaixo daqueles aprovados pela Assembleia Legislativa para a área de Infraestrutura Hídrica e Combate a Enchentes”. Levantamento da GloboNews mostrou que a baixa execução orçamentária antienchentes ocorreu em anos de superávit nas contas do governo. Em nota, as informações foram contestadas pela atual gestão.
O Congresso em Foco apontou que o governo federal reduziu em 35,4% (45,6%, com valores corrigidos pela inflação) os recursos para a Gestão de Riscos e Resposta a Desastres no orçamento deste ano, na comparação com o anterior – caindo de R$ 693,2 milhões em 2021 para R$ 447,9 milhões em 2022. A Defesa Civil também sofreu cortes.
O presidente Jair Bolsonaro e um séquito de ministros sobrevoaram ontem as cidades do estado de São Paulo afetadas pelas chuvas, informou o g1.
A BBC Brasil ouviu urbanistas sobre o “boom populacional” em áreas de risco de inundações e deslizamentos, um fenômeno verificado desde a década de 1990 e que mostra o movimento da classe trabalhadora de baixa renda sendo “empurrada” para essas áreas por falta de opção. Bolsonaro disse que houve “falta de visão de futuro para quem construiu casa em área de risco”, destacou O Globo. De acordo com Rogério Marinho, ministro do Desenvolvimento Regional, existem cerca de 26 milhões de moradias em situação irregular.
Em tempo: O rompimento de uma adutora de esgoto, durante obras da linha 6-Laranja do metrô de São Paulo, nesta segunda-feira (1/2), abriu uma cratera e interdita pistas da Marginal Tietê – uma das vias mais movimentadas da cidade de São Paulo. O asfalto cedeu, o trânsito travou e partes da obra desmoronaram com a força das águas. As causas do vazamento ainda estão sendo apuradas, mas a falha humana não é descartada. Ninguém ficou ferido. A obra é de responsabilidade da concessionária espanhola Acciona. UOL, g1 e CNN Brasil trazem mais detalhes.
Fonte: ClimaInfo
Comentários