A turma que defende a derrubada de floresta na Amazônia costuma dizer que isso é essencial para a geração de riqueza em uma das regiões com os piores indicadores sociais do país. Mas na prática o que se vê é o contrário: os municípios com os maiores índices de desmatamento são exatamente aqueles com piores indicadores de desenvolvimento humano e social. Ou seja, menos árvores implica mais pobreza, violência e subdesenvolvimento.
É o que constatou a nova edição do Índice de Progresso Social (IPS), que analisa as condições sociais e ambientais dos 772 municípios da Amazônia Legal brasileira. Divulgado pelo Imazon nesta 3ª feira (7/12), o índice contempla 45 indicadores de áreas como saúde, saneamento, moradia, segurança, educação, comunicação, equidade de gênero e qualidade do meio ambiente, compondo um índice de zero a 100, do pior para o melhor.
A conclusão é contundente: os 20 municípios com as maiores áreas de floresta destruídas nos últimos três anos tiveram um IPS médio (52,38) abaixo do índice nacional (63,29) e da própria Amazônia (54,59). Sete desses top 20 não conseguiram obter um IPS acima de 50 pontos: seis no Pará (Pacajá, Portel, Senador José Porfírio, Novo Repartimento, Uruará e Anapu) e um no Amazonas (Apuí). Os dois municípios que lideram o ranking de devastação florestal, Altamira e São Félix do Xingu (PA), tiveram IPS de 52,95 e 52,94, respectivamente, abaixo das médias da Amazônia Legal e do Brasil.
“O IPS atesta mais uma vez que o desmatamento só tem gerado pobreza, conflitos sociais e inibido o desenvolvimento econômico da Amazônia”, afirmou Beto Veríssimo, um dos autores do estudo do Imazon. “A Amazônia enfrenta a tempestade perfeita de problemas: destruição do seu patrimônio natural pelo desmatamento, baixo progresso social e subdesenvolvimento econômico”.
BBC Brasil, O Globo, Valor e Poder360 destacaram os principais pontos da nova edição do IPS para a Amazônia Legal.
Em tempo: Por falar em pobreza e violência, o representante especial da União Europeia para Direitos Humanos, Eamon Gilmore, visitou o Brasil na semana passada. Em entrevista ao Estadão, Gilmore disse que ouviu “relatos comoventes” sobre o desmatamento, os ataques aos Povos Indígenas, Quilombolas e Comunidades Tradicionais e a explosão de atentados e assassinatos contra líderes ambientais e sociais na Amazônia brasileira nos últimos anos. O representante europeu alertou que essas informações serão repassadas à Comissão Europeia e aos governos do bloco e deverão ser utilizadas na análise do acordo comercial da UE com o Mercosul. “A UE inclui os Direitos Humanos e o meio ambiente nos seus acordos comerciais no mundo. Não é algo específico com o Mercosul. Esperamos que esses dispositivos do acordo sejam devidamente tratados e cumpridos e as autoridades brasileiras sabem disso”, disse Gilmore.
Fonte: ClimaInfo
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